Após estágio, São Paulo contrata filho de Lula

Filho caçula do presidente Lula, Luis Cláudio Lula da Silva, 21, será efetivado pelo departamento amador do São Paulo na próxima quinta-feira. Estudante de educação física na FMU, em São Paulo, ele atuou como estagiário no clube de setembro a dezembro.

Queimou etapas e, em tempo menor que o normal, conseguiu contrato como auxiliar técnico da equipe sub-15 --normalmente, os estagiários são avaliados por, no mínimo, seis meses.

Levado ao São Paulo pelo advogado Roberto Teixeira, seu padrinho, o filho de Lula caiu como uma luva nos planos do clube. A Folha apurou que a idéia de Juvenal Juvêncio, presidente são-paulino, é ganhar apoio do Planalto para incluir o Morumbi na Copa de 2014.

Há cerca de quatro meses, Juvenal tenta marcar uma audiência com Lula. Em vão. "Não participo disso [seleção de estagiários]. Mas, por ser o filho do presidente, o Marcos Tadeu Novaes [diretor do clube] disse que ele queria estagiar. Autorizei", conta Juvenal.

Pelas vias habituais, ele ainda não teria iniciado o estágio. Quando procurou o clube, não havia vagas. "Mas ele não fez a rota normal. Entrou por ser indicação do nosso presidente", diz José Geraldo de Oliveira, gerente de futebol amador.

Todos os anos, em fevereiro, seu departamento define o número de vagas a estagiários. Os currículos são encaminhados ao RH para indicação dos selecionados, que recebem R$ 400 mensais --os recém-contratados, de R$ 1.000 a R$ 2.000.

O estágio começou em setembro e, em tese, termina amanhã. Mas desde dezembro, quando foi feito o planejamento de 2007, ficou definido que Luis Cláudio será contratado.

A maioria dos cartolas afirma que só soube do caso na semana retrasada, após reportagem do diário "Lance".

Embora diga publicamente que quer se aproximar de Lula para pedir o Morumbi no Mundial, Juvenal nega que isso tenha motivado a contratação. Porém um dirigente do clube diz que ouviu do cartola a seguinte frase: "Quero ver a CBF tirar o Morumbi, com o Lula e o José Serra do nosso lado".

Um ex-diretor de futebol trabalha no governo estadual.

Procurado pela Folha, Teixeira disse que o filho do presidente não vai se intrometer em política. "O Lula não vai mudar o pensamento sobre usar ou não o Morumbi por causa do filho. Ele nunca deixa a vida pessoal interferir nas decisões."

Por e-mail, a reportagem enviou as perguntas a Luis Cláudio. Ele não respondeu até o fechamento desta edição. A Folha também procurou o gabinete pessoal de Lula, mas não obteve retorno.