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Politica Brasil
Segunda - 29 de Janeiro de 2007 às 15:27
Por: Carlos Veggi

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A América Latina dá sinais em atingir a independência autêntica. Nos dias 9 e 10 do mês passado em Cochabamba, na Bolívia, estiveram reunidos os chefes de estado da região e alguns representantes de executivos. Porém, tal evento foi pouco divulgado na imprensa. Este fórum foi chamado de Comunidade Sul–Americana de Nações, cuja proposta é criar uma comunidade continental e mesmo um parlamento sul-americano. Ao contrário do que se noticiou recentemente, de que Hugo Chaves trabalha pelo fim do Mercosul, o verdadeiro sentido é de criar um mercado comum sul-americano, onde as nações possam ser respeitadas e incentivadas a atingir um desenvolvimento sustentável.

Foi na década de 60 que John Kennedy patrocinou uma série de golpes de estados na região, começando pelo Brasil e como dominó todos os outros caíram, levando a região a uma dependência norte-americana. Mais tarde, criando-se o chamado Consenso de Washington, os governos continuam obedientes e subservientes aos interesses dos Estados Unidos. O projeto neo-liberal implantado na América Latina, na década passada, pregava o estado mínimo, que a elite que governava a região seguia rigorosamente, abrindo o mercado para as importações derrubando taxas, e privatizando tudo que fosse rentável.

A América Latina aberta às importações só que de artigo de luxos para satisfazer a mesma elite que a administrava, já que estas tinham no ocidente sua segunda casa. Estudos para os filhos ou eram na Europa ou América do Norte, diferentemente dos tigres asiáticos que ao invés de importar artigos de luxo, importaram bem de capitais para o desenvolvimento da sua indústria e priorizaram a educação. A privataria aplicada nesse período deixou a elite mais rica, porém, as taxas de crescimento da macro economia despencaram deixando a região estagnada no desenvolvimento.

Nos tigres asiáticos, como nos Estados Unidos a presença do estado, é marcante no desenvolvimento. Nos EUA a indústria se baseia nos bens produzidos pelo estado, como navios conteineres, computadores, rodovias e telecomunicação; enquanto que, nos tigres asiáticos, existe um controle forte do estado no desenvolvimento da indústria.

Porém esta história nos países da América Latina está tomando outro rumo. Vários paises experimentam novos governos, governos populares que estão retomando as empresas estatais que foram doadas através do processo de privatização, para poder alavancar o crescimento econômico e social da região. Aqui no Brasil pelo menos em nível federal essa privataria foi paralisada, como é o caso do recuo das privatizações das rodovias federais. Já nosso governante ainda titubeia em definir-se ideologicamente, e não acena com a possibilidade de retomar nossas empresas estratégicas doadas (leia-se privatizadas) para capital estrangeiro, que foi levado a cabo nos oito anos do reinado tucano.

Aqui em Cuiabá, nosso alcaide quer se manter na contramão da história, privatizando (ele chama de concessão) a única empresa que ainda resta ao município, um setor estratégico para o desenvolvimento humano, setor que jamais combinará com lucro, que é a Sanecap.

Analisando este fato podemos sugerir duas hipóteses: uma é a convicção neo-liberal do tucano Wilson Santos, que eu particularmente não acredito, pois ele já passeou por vários partidos, portanto, fidelidade não é seu forte; a outra é o pagamento de dívida de campanha, para com alguns caciques tucanos que tem parentes que estão tentando monopolizar os serviços de água no Estado, pois já detém algumas prefeituras. Como não tenho bola de cristal para afirmar, fica aqui o registro caso isto venha acontecer a segunda hipótese com a verdadeira.

Carlos Veggi é professor e membro do PC do B





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