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Nacional
Domingo - 28 de Janeiro de 2007 às 10:14

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"O Brasil vai nadar de braçada." Foi com essa expressão que o analista Miguel Biegai sintetizou o grande avanço que as exportações brasileiras de álcool podem ter com o fim da tarifa de importação dos EUA e dos subsídios aos produtores norte-americanos.

O secretário norte-americano de Energia, Samuel Bodman, disse que os EUA terão de acabar com a tarifa de importação de álcool e com os subsídios aos produtores para cumprirem a meta anunciada pelo presidente George W. Bush de reduzir o consumo de gasolina.

Para Biegai, economista e analista da área de bioenergia da consultoria Safras & Mercado, a barreira de importação pode até ser removida, pois já existe pressão por parte de governadores e congressistas norte-americanos, mas tirar o subsídio dos produtores de etanol é mais complicado. "[O governo] vai estar mexendo no vespeiro. A pressão dos produtores seria muito grande."

Segundo ele, a declaração do secretário norte-americano é, em parte, contraditória, já que os Estados Unidos vêm anunciando investimentos pesados na produção de etanol. "Seria estranho o governo, depois de incentivar a produção, chegar para os produtores e dizer que irá retirar os subsídios."

Os fortes subsídios norte-americanos tanto para as indústrias na produção do etanol como para os agricultores na produção de milho impedem um crescimento maior das vendas brasileiras.

A produção de etanol norte-americana é feita por meio do milho, diferentemente do Brasil, que produz o combustível a partir da cana-de-açúcar. De acordo com Biegai, o custo de produção por meio da cana é quase a metade do do milho, o que torna o etanol brasileiro competitivo.

O fim da tarifa de importação (US$ 0,143 por litro) e dos subsídios (US$ 0,135 por litro) iria alavancar ainda mais as exportações brasileiras, gerando ganho de competitividade do produtor de álcool.

Por outro lado, os norte-americanos teriam perda de competitividade de US$ 0,28 por litro. Para os produtores brasileiros, o ganho hoje seria de cerca de R$ 0,59 por litro, segundo o analista.

O Brasil, o maior exportador mundial de etanol, é o único país atualmente capaz de suprir parte de uma demanda como a dos EUA. No ano passado, o Brasil vendeu diretamente para os norte-americanos 1,7 bilhão de litros, dos 17,5 bilhões de litros produzidos na safra 2006/07, segundo a Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo).

Os investimentos na produção de álcool no Brasil dão suporte para a expansão da exportação. "O aumento dos investimentos dos usineiros está focado nas exportações. O mercado interno é o maior consumidor, mas as receitas com as vendas para o exterior são o oxigênio das usinas", completa Biegai.





Fonte: Folha de S.Paulo

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