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Saúde
Sexta - 19 de Janeiro de 2007 às 14:14

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A China ainda está buscando mais evidências de que a circuncisão masculina tenha um papel essencial no combate à disseminação da aids, e por enquanto não está pensando em fazer uma campanha a favor de sua realização, disse na sexta-feira Ru Xiaomei, vice-diretora-geral da Comissão Nacional da China de Planejamento Familiar e Populacional.

No fim do ano passado, pesquisadores dos Estados Unidos e da África disseram que a circuncisão reduzia pela metade o risco de os homens contraírem a Aids, e poderia evitar centenas de milhares ou até milhões de novas infecções no mundo todo.

A circuncisão funcionou tão bem que os pesquisadores interromperam dois ensaios clínicos de grandes dimensões no Quênia e em Uganda para anunciar os resultados, embora tenham advertido que o procedimento não torna os homens imunes ao vírus HIV. "Já havíamos dado atenção a esses relatos na África", disse Xiaomei. "Mas a situação da aids na China ainda não atingiu uma escala tão grande", disse ela.

As autoridades que cuidam do planejamento familiar na China, com décadas de experiência na promoção de métodos contraceptivos, estão sendo cada vez mais arrebanhadas para a luta do país contra a aids.

A China tem um número estimado de 650 mil soropositivos, e a infecção está gradativamente saindo dos grupos de risco, como os usuários de drogas intravenosas, e passando para a população em geral, através do contágio sexual. "Ainda não estou totalmente convicta sobre as evidências a favor da circuncisão", disse Ru. "Devemos ter cautela."

As taxas de circuncisão são baixas na China, se comparadas a países asiáticos como Coréia do Sul e Japão, onde a retirada da pele do prepúcio normalmente é feita logo depois do nascimento para facilitar a higiene do local, ou se comparada a países muçulmanos como a Indonésia, onde a prática é realizada por motivos religiosos.

A minoria muçulmana da China, concentrada na região do extremo ocidental de Xinjiang, também circuncida os meninos, em geral quando eles chegam à puberdade. Essa associação com a religião poderia provocar problemas culturais para uma campanha pró-circuncisão no país, disse Ru, que é médica. "Também há o problema do custo", acrescentou ela, num país que tem 1,3 bilhão de habitantes, a maior população do mundo. "É muito mais barato convencer as pessoas a usar preservativo."

O estudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA feito em Kisumo, no Quênia, com 2.784 homens entre 18 e 24 anos, mostrou uma redução de 53% nas infecções pelo HIV nos homens circuncidados em comparação aos que não haviam sido submetidos ao procedimento. Um estudo paralelo com 4.996 homens entre 15 e 49 anos em Rakai, Uganda, mostrou uma redução de 48% na propensão a adquirir a doença.

Segundo especialistas, o risco dos não-circuncidados deve ser decorrente do fato de que as células do interior do prepúcio são especialmente suscetíveis à infecção pelo vírus. O HIV também pode sobreviver melhor num ambiente aquecido e úmido como o de debaixo do prepúcio, pele que cobre a glande, ou cabeça, do pênis.





Fonte: Reuters

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