CUT vai defender redução do superávit e empréstimos com garantias de emprego

A partir de março, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai dar a partida de uma série manifestações públicas para cobrar do governo medidas para acelerar o crescimento. A central vai defender, entre outras sugestões, que o governo institua um imposto sobre grandes fortunas e heranças --uma bandeira antiga da esquerda-- e que estabeleça contrapartidas sociais para os empréstimos com dinheiro público.

O documento intitulado "Propostas da CUT para o desenvolvimento com distribuição de renda" traz uma súmula das medidas que devem ser defendidas pela central ao longo deste ano. A entidade pretende discutir as medidas em rodadas de discussão promovidas pelos diretórios estaduais e, em abril, partir para uma mobilização popular em Brasília.

"Os movimentos sociais não podem mais tolerar um crescimento de somente 2% ou 3%", diz o secretário-geral João Felício.

Os 26 pontos defendidos pela central misturam sugestões praticamente consensuais na sociedade civil com itens polêmicos. No primeiro grupo está, por exemplo, a ampliação dos investimentos em infra-estrutura bem como a criação de linhas de financiamento, com menor burocracia, para pequenas e médias empresas. Também solicita a redução da taxa básica de juros, bandeira de dez entre dez sindicatos patronais.

As propostas mais controversas tratam diretamente da política econômica do governo. A central pede a redução do superávit primário e o estabelecimento de metas para a taxa de crescimento econômico, "com a mesma importância e centralidade das metas de inflação" para a política econômica. "Desonerar o superávit primário é uma forma de arrecadar recursos para investimentos", afirma João Felício.

Outra medida que pode suscitar polêmica é a defesa de que bancos públicos, como o BNDES, somente emprestem para empresas a partir do compromisso de geração de empregos.