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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Sábado - 13 de Janeiro de 2007 às 13:41

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No estado de Pernambuco, somente em 2006, mais de 300 mulheres quase uma por dia foram assassinadas, em sua maioria, por seus próprios parceiros. As vítimas são principalmente jovens, negras e pobres. Inconformadas com essa situação, que piorou nos últimos dois anos, diversas entidades, organizações não-governamentais, grupos populares e universitários, que integram o Fórum de Mulheres de Pernambuco, saíram às ruas para protestar e tentar mudar a realidade.

A instituição existe há 17 anos e busca estimular a denúncia por parte das mulheres violentadas, além de mobilizar a sociedade e pressionar o poder público para enfrentar essa realidade.

O número de assassinatos vem crescendo a cada ano. Foram 276 registros em 2004 e 290 em 2005. Um estudo realizado pelo fórum indica que os índices de lesões corporais, ameaças à integridade física e crimes como difamação e estupros também apresentam percentuais alarmantes. Segundo a coordenadora do fórum, Joana Santos, a instituição está se mobilizando desde o início de 2006, no esforço de apresentar propostas ao governo do estado para garantir segurança às mulheres e outras políticas públicas de inclusão social. "Fizemos vigílias mensais nas ruas pelo fim da violência, mas a situação não melhorou", destaca.

Ela afirma que faltaram proposições por parte do Estado. "Estamos falando de iniciativas na área de segurança pública, políticas de trabalho e renda para as mulheres pobres sobretudo as que habitam pequenas cidades do interior do estado e saúde, entre outros", diz. O trabalho do fórum já conseguiu alguns avanços, como a criação de uma vara civil exclusiva, pelo governo do estado, para julgar crimes praticados em ambiente familiar contra mulheres.

A delegada Vera Lúcia Freire informa que somente este ano foram registradas mais de 7 mil queixas de agressão contra a mulher nas quatro delegacias especializadas nesse atendimento em Pernambuco. Em todo o ano, aconteceram quase 2.400 denúncias de lesão corporal e 62 de estupro, nas delegacias da mulher de Petrolina, Caruaru e Recife. Acrescenta que houve uma sobrecarga de trabalho nas delegacias em Pernambuco por causa da Lei Maria da Penha, sancionada em setembro do ano passado: "Como ela criou mecanismos para reduzir a violência doméstica e familiar contra mulheres, o número de denúncias foi bem maior do que o normal".

Para a responsável pela Coordenadoria da Mulher, da prefeitura do Recife, Dalvanice Nascimento, situações de violência que provocam danos físicos e psicológicos muitas vezes não são denunciadas por medo e dependência financeira em relação aos agressores. "As mulheres têm vergonha, a questão cultural é forte e existe a forma de pensar ruim com ele, pior sem ele".

Na capital, as pernambucanas vítimas de violência física e psicológica contam com um serviço disponibilizado pela prefeitura, o Centro Clarice Lispector. No local já foram realizados 43 mil atendimentos nos últimos quatro anos, prestando assistência social, jurídica e psicológica para mulheres que sofreram alguma agressão. Uma das beneficiadas com a iniciativa é a aposentada Suzana Gomes, 79 anos. Ela morava no bairro de Água Fria com o marido, mas foi obrigada a vender a casa própria e se mudar para um imóvel alugado porque passou a ser ameaçada de morte por um vizinho de 22 anos.

O jovem ficou revoltado após Gomes reclamar do volume alto de sua televisão, no meio da madrugada. O trabalho feito na cidade pelo Fórum de Mulheres incentivou a aposentada, que tomou coragem e denunciou o caso. "Eu não tinha condições de ficar lá, a não ser que houvesse pessoas para me proteger. Fui forçada a procurar a delegacia da mulher", conta.

Dados do fórum indicam que os casos de violência ocorrem principalmente nos municípios da região metropolitana de Recife, devido à falta de políticas públicas de inclusão social. Além de mobilizar ações em Pernambuco, a rede de organizações tem participado da construção de outras redes pelo Brasil. A intenção continua sendo mobilizar a sociedade e os governos locais para mostrar que qualquer violência contra a mulher, dentro ou fora de casa, não pode passar impune.





Fonte: Agência Brasil

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