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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Quarta - 10 de Janeiro de 2007 às 13:29

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Apesar da melhoria do quadro, a crise na agricultura em Mato Grosso vai continuar. Pelo menos até 2011. Até um pouco mais. É o que revela um estudo feito pela Agrocultult, empresa especializada em análise dos mercados agropecuários, ao tratar sobre as estimativas de geração líquida de caixa do setor de grãos. "Em Mato Grosso, a geração de caixa não é suficiente para fazer frente a todas as dívidas" - afirma André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult. A região Centro-Oeste, segundo o levantamento, enfrentou aumento de endividamento e preço e câmbio desfavoráveis nos últimos dois anos.

A previsão de um ano mais favorável para os grãos em 2007 - devido à recuperação dos preços internacionais e aos custos menores de produção - não significa o fim da crise que golpeou o setor no país a partir da safra 2004/05, segundo a empresa. A a geração líquida de caixa do setor deverá alcançar R$ 26,4 bilhões enquanto as dívidas totais devem somar R$ 20,3 bilhões. A Agriconsult calcula que em 2011, a geração de caixa deve ser de R$ 35,7 bilhões para um total de dívidas de R$ 8 bilhões.

Em Mato Grosso, conforme a Agriconsult, a geração líquida de caixa deve ser de R$ 1,5 bilhão este ano, e os débitos estão estimados em R$ 4,3 bilhões. Para o ano que vem, a previsão é de "empate", em R$ 2 bilhões. Em 2009, a geração de caixa sobe para R$ 2,7 bilhões e as dívidas devem somar R$ 1,7 bilhão. Para 2010, a previsão é de um caixa de R$ 3 bilhões e débitos de R$ 1,4 bilhão. Finalmente, em 2011, a Agroconsult estima uma geração de caixa de R$ 3,2 bilhões e dívidas de R$ 1,2 bilhão.

Com esse desempenho, o Mato Grosso só conseguirá fazer frente às dívidas em 2011, observa Pessôa. É que só então o saldo de geração de caixa acumulado - R$ 12,3 bilhões - será superior às dívidas acumuladas, de R$ 10,6 bilhões. Diante desse quadro no Mato Grosso, o consultor defende intervenção do Governo, como o alongamento de dívidas de investimento, para "acelerar o processo de recuperação" no Estado. Ele reconhece que a recuperação virá, mesmo sem intervenção, em algum momento, mas uma das conseqüências deve ser a concentração da atividade. O motivo é que em períodos de crise a tendência é que produtores mais capitalizados assumam negócios dos mais endividados, o que já se viu nesta safra.

Para chegar aos números de receita e dívidas, respectivamente, a Agroconsult levou em consideração o cenário de produção e preços para as principais lavouras e as dívidas que vencem nos próximos cinco anos. Nesses débitos, estão incluídas as dívidas dos produtores referentes às safras 2004/05 e 2005/06 junto a fornecedores de insumos e tradings, não pagas até 30 de setembro passado ou renegociadas, dívidas de custeio mais FAT, investimentos, fundos constitucionais e Tesouro Nacional.

Os números totais do Brasil estimados pela Agroconsult indicam que o setor de grãos deve ter fôlego para fazer frente às dívidas até 2011, mas o quadro muda quando são analisados os Estados separadamente. "Os efeitos nocivos da crise se prolongarão até 2011", pondera o diretor da Agroconsult.

A recuperação também deve ser mais lenta nos demais Estados do Centro--Oeste e no cerrado do Nordeste, prevê a Agroconsult, mas o quadro é mais favorável no Sul do Brasil. "Algumas regiões já poderão voltar a investir e a crescer este ano", avalia o consultor. No Paraná, por exemplo, a geração líquida de caixa no setor de grãos deve ser R$ 4,9 bilhões este ano, para uma dívida de R$ 2,5 bilhões, segundo a Agroconsult. A previsão é que em 2011, o caixa alcance R$ 6,6 bilhões para um débito estimado de R$ 1 bilhão. "A conclusão no Paraná é que não é preciso prorrogar mais nada", afirma André Pessôa.

Ele defende que eventuais apoios do governo a produtores de regiões com mais dificuldade para solucionar a crise não devem ser estendidos "automaticamente" às regiões com menos dificuldade.





Fonte: Valor Econômico

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