Cepea: preço médio do leite ao produtor caiu 1,1% em dezembro

Os preços pagos aos produtores de leite em dezembro, relativos à produção de novembro, tiveram queda de 1,1% (valor bruto), o que em termos monetários representa R$ 0,006/litro, segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. O valor médio ponderado de sete Estados foi de R$ 0,4962/litro - incluindo frete e 2,3% de CESSR (ex-Funrural).

A maior queda foi registrada em Goiás, de 3,19%, representando um recuo de R$ 0,016/litro. Em contrapartida, os preços médios no Rio Grande do Sul, subiram 0,31%. Esse ligeiro reajuste, segundo os técnicos do centro, pode ser explicado pela queda na captação. De acordo com o ICAP-L/Cepea, houve retração de 4% no volume de leite captado naquele Estado. Em Goiás, ao contrário, houve o maior aumento de 8,65% na captação frente ao volume de outubro.

No relatório divulgado hoje, os técnicos do Cepea apontam uma estabilidade atípica nos preços, principalmente no segundo semestre. Os preços do leite pagos ao produtor seguem no mesmo nível desde maio de 2006, na casa dos R$ 0,50/litro - valor bruto, considerando-se a média dos sete Estados analisados pela pesquisa do Cepea. As causas, conforme explicam os pesquisadores do centro, seriam a combinação de demanda interna relativamente estável, com baixo crescimento da produção de leite no Brasil e aumento das importações ao longo de 2006, favorecidas pelo câmbio.

Segundo os dados, as vendas externas de lácteos aumentaram 15,5%, mas as importações subiram 26,5% até novembro, em comparação com o ano anterior.

Mercado internacional

No mercado internacional, os preços de lácteos estiveram relativamente altos, mas o câmbio, com a média anual em torno de R$ 2,17, prejudicou o desempenho das vendas brasileiras e favoreceu em larga escala as importações. De janeiro a novembro de 2006, o saldo da balança comercial de lácteos foi negativo em US$ 10,9 milhões, enquanto que no mesmo período de 2005, foi positivo em quase US$ 1 milhão. Este resultado ocorre apenas dois anos depois de o Brasil ter obtido o primeiro superávit comercial neste mercado.

Descontando-se a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço médio de 2006 esteve bem abaixo do valor médio de 2005. Cálculos do Cepea indicam que um produtor que manteve sua produção de um ano para o outro teve uma perda de receita da ordem de 13,35%, o que significa que o pecuarista teria de aumentar a produção em aproximadamente 16% para manter a mesma renda. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L/Cepea) mostra que o aumento na produção foi de apenas 1,52% de janeiro a novembro de 2006 se comparado ao mesmo período de 2005.