Garota de 16 anos morre de infarto decorrente de bulimia no RJ

A virada do ano da costureira Sônia da Silva Machado, 42 anos, não poderia ter sido mais difícil. Na madrugada de 31, ela perdeu a filha, Thayrine Machado Bruto, 16, vítima de infarto e AVC decorrentes de bulimia - doença na qual o paciente come compulsivamente e depois auto-induz o vômito, perdendo peso e massa corporal. Há seis meses, a estudante, de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, passou demonstrar os sintomas. Ao contrário de outras vítimas da doença, Thayrine não sonhava ser modelo. Segundo a mãe, queria ser psicóloga para "entender a cabeça do ser humano".

"Por mais amigas que fossem, a Thayrine e a irmã tinham uma certa rivalidade. A Thayrine não admitia que a Thammy, casada e mãe de dois filhos, fosse mais magra do que ela, solteira e sem filhos", relata a mãe. No caso da anorexia, doença que matou recentemente uma modelo no interior de São Paulo, a pessoa simplesmente se recusa a comer.

Mas, com 1,61m de altura e pesando 53 quilos, Thayrine estava longe de ser gorda. O Índice de Massa Corpórea (IMC) da estudante era de 20, o que caracteriza seu peso como normal. "As pessoas pensam que vão ficar livres das calorias que ingerem provocando vômito. O vômito não impede a absorção de açúcares e carboidratos pelo organismo. Apenas desnutre e desidrata o paciente", alerta o endocrinologista Tércio Rocha.

Sônia desconfiou de que algo não ia bem com a filha quando ela começou a faltar ao colégio, em Niterói, também na região metropolitana da capital fluminense. Em vez de freqüentar as aulas, dormia à tarde na casa de amigos para compensar as noites que passava em claro tentando saciar a fome e vomitando o pouco que ingeria.

Dia 30, Thayrine sofreu um infarto após dar entrada no Hospital Estadual Prefeito João Batista Cáffaro, em Itaboraí. "Minha filha vivia na farmácia se pesando. Por mais que eu repetisse, ela insistia que estava acima do peso. Já não sabia mais o que fazer", lamenta a mãe.