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Saúde
Domingo - 24 de Dezembro de 2006 às 09:57

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Ter boa saúde, idade entre 18 e 60 anos e peso acima de 50 quilos são as exigências dos bancos de sangue para quem deseja ser doador. No entanto, há muitas pessoas que desconhecem que são portadoras de algum tipo de vírus ou doença. No Hemocentro de Mato Grosso (Hemomat), em Cuiabá, pelos menos 2 em cada 10 candidatos à doação descobrem doenças no sangue que impedem a doação. O sangue "bom" é utilizado estritamente para atender pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da capital ou de outros municípios, se necessário.

Segundo a diretora da unidade, Eliana Rabani, esse tipo de diagnóstico obriga o descarte de 15% a 20% do sangue coletado pela unidade. Eliana ressalta que antes da coleta os candidatos passam por uma entrevista rigorosa, que, entre outros itens, avalia o comportamento sexual. "Quanto termina a entrevista, a pessoa fica numa cabine, sozinho, para responder se o seu sangue pode ou não ser aproveitado", explica, ao se referir a última oportunidade de o candidato fazer um exame de consciência das declarações dadas.

As doenças sexualmente transmissíveis ainda são as que mais aparecem nos exames realizados pelo Hemomat. A diretora alerta que as relações sexuais sem o uso da camisinha contribuem de forma considerável para essa constatação.

No sangue examinado são descobertas patologias como sífilis também conhecida como Lues, peste sexual ou genericamente como doença venérea. Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é considerada uma infecção grave transmitida por via sexual, que pode, inclusive contaminar o bebê na barriga da mãe portadora

Os sangues lipêmicos, caracterizados pelo excesso de gordura, também entram na lista dos excluídos para uso dos pacientes que dependem de transfusão. As hepatites, inclusive B e C, consideradas as mais graves porque podem evoluir para câncer e levar a óbito são as que mais excluem pretensos doadores, segundo a diretora. "O HIV felizmente quase não aparece", assegura Eliana, ao se referir ao vírus da Aids, também sexualmente transmissível, que por muitos anos foi o maior temor dos bancos de sangue.

Salvar vidas - Na campanha de doação realizada pelo hemocentro de Cuiabá no mês passado, por exemplo, foram coletadas 1,2 mil bolsas de sangue. Com base na média de descarte mencionado pela diretora, pelo menos 240 delas não foram aproveitadas. Os candidatos à doação que descobrem, por meio da unidade, que são portadores de doenças ou vírus, são chamados novamente à unidade para tratamento com médicos do próprio Hemocentro ou para outras unidades do SUS. "Não deixamos ele à deriva", assegura.

O Hemomat é uma unidade mantida pelo Estado, vinculado à Secretaria de Estado de Saúde, para garantir sangue e hemoderivados que melhoram a saúde e prolongam a vida dos pacientes hemofílicos, renais, oncológicos entre outros. No entanto, entre os candidatos à doação, há quem utilize o serviço para confirmar ou descartar a suspeita de algum tipo de doença própria do sangue. "A intenção do doador tem que ser de salvar vidas. Embora nossos exames sejam altamente confiáveis só Deus é 100%", resume a diretora.

Eliana avisa que os entrevistados são treinados para detectar informações contraditórias ou que comprometam o trabalho da unidade. Segundo ela, o laboratório conta com equipamentos que se equiparam a grandes centros como Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ e Minas Gerais (MG), para diagnóstico de doenças cujas janelas imunológicas podem gerar um falso negativo. Um dos equipamentos (Prisma), segundo ela, disponível em poucos estados brasileiros, consegue realizar cinco exames ao mesmo tempo, o que eleva o grau de eficiência das triagens.

Vírus como a da dengue, que preocupam os bancos de dengue brasileiro, segundo ela, não preocupam. "Nossa triagem é tão rigorosa que se a pessoa comentar um sintoma da doença ela nem vai doar", garante.

O MT Hemocentro coordena a Hemorrede formada por 18 unidades de coleta e transfusão (UCTs) e 28 agências para transfusão de sangue em municípios como Água Boa, Barra do Bugres, Barra do Garças e Cáceres. Segundo dados fornecidos pela assessoria de imprensa da SES, nos últimos 6 anos o número de doadores saltou de pouco mais de 17 mil para 37.470 mil. Nas unidades do interior do Estado, os índices foram maiores. Em 2000 eram 7.035 mil doadores e hoje superam 42 mil. O volume de sangue coletado sofreu pouca alteração. Foram 29,68 mil bolsas em 2005 e aproximadamente 30 mil este ano.





Fonte: Gazeta Digital

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