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Politica Brasil
Quarta - 13 de Dezembro de 2006 às 14:07

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O relatório parcial da Polícia Federal sobre o acidente com o Boeing da Gol que fazia o vôo 1907 e matou 154 pessoas em 29 de setembro indicia os pilotos do jato Legacy que se chocou com o avião. A polícia também levanta suspeitas sobre os controladores de vôo que trabalhavam naquele dia, sem, por enquanto, responsabilizá-los pela tragédia.

O documento contém apenas duas páginas e será entregue nesta quarta-feira (13) pela delegado Ramon de Almeida à Justiça Federal de Sinop, em Mato Grosso. Embora os controladores não sejam, por enquanto, considerados culpados, uma fonte da PF que acompanha a investigação diz que eles devem ser indiciados nos próximos 30 dias, prazo de prorrogação que o relatório da polícia pede à Justiça.

Para a PF, a negligência dos pilotos do Legacy, os problemas de comunicação do jato com as torres de Brasília e São José dos Campos e, possivelmente, a falha dos controladores causaram a tragédia. "Foi uma soma de fatores", disse ao G1 a fonte da PF.

São dois, aliás, os fatores que impedem a polícia de indiciar os controladores até o momento. O primeiro é a competência da PF para tomar essa medida. A polícia teme ser contestada pela Justiça Militar, já que os controladores são militares. A dúvida deve ser tirada pelo delegado com a Justiça de Sinop nos próximos dias. Outro ponto é que a polícia quer ainda ouvir os controladores da torre de Manaus, também relacionada a esses vôos, e concluir as perícias dos diálogos das caixas pretas do jato e do Boeing e da representação gráfica dos vôos. Com esse confronto de informações, acredita a PF, será possível apontar a culpabilidade dos controladores.

A PF não cita nomes no relatório, mas as maiores suspeitas recaem sobre um controlador de São José dos Campos e dois de Brasília. O primeiro teria informado ao Legacy para decolar a 37 mil de São José e permanecer na mesma altitude até Manaus, quando, na verdade, deveria reduzir a 36 mil a partir de Brasília e, num determinado ponto, subir a 38 mil.

Já em Brasília, um dos controladores não teria percebido que o Legacy permanecera a 37 mil, mesma altitude em que viajava o Boeing da Gol na região do acidente. Esse controlador, diz a investigação da polícia, não teria passado essa informação a quem o substituiu na função. Esse último, por sua vez, poderia ter avisado o Legacy ao detectar o erro de altitude.

É nesse ponto, aliás, que entra a perícia que a polícia espera finalizar nos próximos 30 dias para saber qual foi o erro de comunicação entre torres e Legacy. A PF considera os diálogos fundamentais para esclarecer o acidente.

Embora o inquérito não transcorra sobre sigilo, a PF tentará impedir o vazamento diálogos porque um documento da Força Aérea Brasileira proíbe esse que esse tipo de informação seja divulgado.

Pilotos

No relatório parcial, o delegado aponta negligência dos pilotos norte-americanos. Os dois foram indiciados na sexta-feira passada (8) pelo artigo 261 do Código Penal, que trata do risco ao tráfego aéreo. A pena é de dois anos a cinco anos de prisão, podendo ser agravada em um terço pelo fato de terem ocorrido mortes no acidente.

Em depoimento à polícia na sexta, os pilotos permaneceram calados. Segundo uma fonte da polícia, os diálogos dentro do jato são "esclarecedores" sobre a responsabilidade de ambos na tragédia.





Fonte: G1

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