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Economia
Quinta - 30 de Novembro de 2006 às 13:58

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Cadeia produtiva faz parceria para atender demanda européia por carne produzida sem produtos químicos. Passadas quase três décadas depois da separação, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso voltam a se unir. O que liga os dois estados é a perspectiva de aumento da produção de carne orgânica em mais de 50%, visando o mercado externo. Juntos, os pecuaristas das duas unidades federativas pretendem fechar o elo da cadeia produtiva, da cria até a engorda, atendendo às exigências internacionais de que os animais têm de ser 100% orgânicos - no Brasil permite-se que tenham vivido dois terços em regime natural.

Quase 600 quilômetros separam as duas regiões em que há predominância da criação de gado orgânico - sem o uso de produtos químicos na alimentação e saúde do animal - que agora se unem para atender à demanda do frigorífico JBS-Friboi. Mais de 60% da produção de carne orgânica do grupo é exportada, principalmente para a Europa. No entanto, para viabilizar esse comércio é preciso que o animal tenha nascido em fazenda orgânica - exigência das normas internacionais. Agora, com a parceria entre os pecuaristas dos dois estados, os sul-matogrossenses podem fornecer os bezerros para que os vizinhos engordem, aumentando a oferta de gado nascido e criado no regime. Enquanto em Mato Grosso são 150 mil cabeças criadas de modo orgânico, no estado vizinho são 40 mil reses.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Animais Orgânicos (Aspronor), Henrique Balbino, explica que para ter animais nascidos no regime, os pecuaristas de Mato Grosso precisariam ter mais vacas em seus plantéis, aumentando o custo de produção. Por outro lado, segundo ele, a vocação dos colegas sul-matogrossenses é a cria.

Balbino diz a que a produção é viável na região porque o solo é extremamente fértil - o regime não permite o uso de adubo, exceto se for natural como a cama de frango. Assim, um jeito de manter a pastagem sempre nutritiva para o animal é fazer uso da rotação - mudança do pasto a cada sete dias. Com isso, apenas no extremo do período de seca é que se necessita a suplementação, com o emprego de sal com casca de soja.

Um animal criado em regime orgânico não usa medicamentos alopáticos, exceto em ocasiões em que não existe a alternativa natural - como o caso da vacina antiaftosa. Mesmo assim, quando a medicação é empregada, o gado fica em uma espécie de quarentena (período de carência) e, se precisar tomar mais de duas doses do mesmo medicamento, é descartado - não pode ser vendido como orgânico. No manejo também não é autorizado o uso de produtos químicos. Uma alternativa é o uso de torta de nim (árvore indiana), que serve de inseticida.

O animal criado em regime orgânico tem um bônus de cerca de 10%, na média, do preço da arroba, sendo o mercado externo o principal consumidor. "Há grandes perspectivas neste segmento", diz Alexandre Jaeger, gerente de Marketing de Marcas do Friboi.

O primeiro frigorífico brasileiro a comercializar carne orgânica foi o Independência Alimentos, a partir de 2001, com o abate mensal de 400 animais voltado exclusivamente para o mercado externo. No entanto, com o embargo às carnes de Mato Grosso do Sul devido ao foco de febre aftosa naquele estado, as vendas foram suspensas - acredita-se que possam ser retomadas no próximo ano. No Friboi são abatidos mensalmente 2 mil animais.

O presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), Leonardo Leite de Barros, explica ao mesmo tempo em que os pecuaristas dos dois estados se unem, os sul-matogrossenses firmam também parceria para o fornecimento de carne para o Friboi. A previsão é que os abates se iniciem em dezembro ou no máximo em janeiro - inicialmente para o mercado interno devido ao embargo.





Fonte: 24HorasNews

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