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Economia
Segunda - 27 de Novembro de 2006 às 12:13

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Um dos principais investidores privados em energia no país, o diretor-presidente da Energias do Brasil, António Martins da Costa, continua confiante no país, mas reclama mais oportunidades de investimento. Para ele, se decisões relevantes não forem tomadas rapidamente, o Brasil corre risco de chegar ao limite de oferta de energia elétrica entre 2008 e 2009.

Dona junto com Furnas da usina hidrelétrica de Peixe Angical, de 452 megawatts que será inaugurada oficialmente nesta segunda-feira, a Energias do Brasil é controlada pela portuguesa EDP e investiu 2,5 bilhões de reais nos últimos três anos. Para 2007 a previsão é de mais 600 milhões de reais.

"Nós estamos muito confiantes porque o Brasil tem uma situação macroeconômica estável, tem um marco regulatório que tem evoluído muito nos últimos tempos. Não está tudo perfeito, mas estamos muito mais confortáveis e o que falta é oportunidade para investir em geração", afirmou à Reuters no sábado ao chegar no Brasil para a inauguração da unidade.

"Essa inauguração para nós é muito importante porque vem em um momento que por um lado o país está precisando de um investimento maior em geração de energia, e porque nós cumprimos o nosso compromisso de dobrar a capacidade de geração até o final desse ano", complementou. A empresa vai terminar o ano com 1.043 megawatts de geração.

A empresa controla três distribuidoras de energia --Bandeirante (SP), Escelsa (ES) e Energus (MS)-- e mais uma comercializadora (Enertrade). Com a entrada de Peixe Angical em operação passa a gerar 21 por cento da energia que vende.

Além disso, a participação da geração no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações, na sigla em inglês) da companhia pula dos 6 por cento há três anos para 25 por cento.

"Queremos crescer com prioridade na geração, mas dependemos de oportunidades", afirmou.

Ele descartou porém a participação da companhia nos dois mega-projetos que estão sendo avaliados pelo governo --as usinas de rio Madeira e Belo Monte-- "pelo prazo, pela complexidade, pela alocação muito grande de capital e incertezas que ainda existem". Ele não considera também a energia nuclear uma solução eficaz no curto prazo, "pode ajudar mas leva tempo". "Já a térmica a carvão pode ser uma solução mais viável", avaliou. O empresário indica a necessidade de mudanças em dois pontos que já viraram reclamação unânime no setor: agilidade e exigências menos onerosas na concessão de licenças ambientais e fim do preço teto nos leilões de empreendimentos novos de energia do governo. Apesar de participar dos últimos leilões, a Energias do Brasil não comprou um megawatt por considerar que os preços não garantiam retorno.

"O Brasil precisa de mais usinas e elas não estão saindo, porque muitas delas tem problemas ambientais e os leilões têm uma mecânica que não é a mais atrativa para o setor", avaliou.

Ele informou que a Energias do Brasil fez oferta por duas hidrelétricas nos últimos leilões, mas parou de fazer lances quando o preço deixou de ter retorno.

"A forma do leilão sair com um preço correto para todo o consumidor é haver muita gente concorrendo, tem que fazer leilões atrativos porque quanto mais concorrência houver, mais vai haver preço justo para o consumidor final", sugeriu.

Na questão ambiental Costa sente na própria empresa a demora de decisões. Comprada no governo passado sem licença ambiental, a usina hidrelétrica de Couto Magalhães, localizada nos municípios de Alto Araguaia (MT) e Santa Rita do Araguaia (GO), uma parceria com o grupo Rede, está engavetado há três anos por exigências consideradas "exageradas" por Costa.

"É preciso rever as exigências ambientais, porque não podem ser tão desproporcionadas, é um empreendimento de 150 megawatts", declarou.

Outro projeto, da usina de Ipueiras, no Tocantins, de 480 MW, também não chegou a ir a leilão, "porque as exigências são tão grandes que não deu certo", explicou.

No projeto de Peixe Angical, cujos pedidos de licenças se arrastaram desde 2001, do investimento total de 1,6 bilhão de reais, 200 milhões de reais foram para compensações do meio ambiente, informou.

"Nós somos os primeiros a defender o meio ambiente... agora, tem que haver um equilíbrio do que é exigência ambiental e a necessidade que o país tem de desenvolver a sua geração. Desse jeito não vai sair usinas", afirmou.

Para ele, se as barreiras ambientais e dos leilões forem ultrapassadas, os investidores privados voltarão a construir hidrelétricas e com isso evitar problemas no curto prazo. "Mas decisões de fundo têm que ser tomadas muito rapidamente", afirmou.





Fonte: Reuters

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