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Sábado - 18 de Novembro de 2006 às 18:27

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Antes de tudo, atores. É assim que os comediantes da tevê brasileira costumam se definir. Mas quase sempre ficam restritos aos programas de humor. Encontram resistência entre os próprios profissionais de televisão, que preferem compartimentar seus funcionários: este pode atuar em novelas, este deve ficar restrito aos humorísticos.

Apesar da classificação estabelecida, alguns poucos humoristas conseguem furar o bloqueio e integrar o elenco de folhetins e se misturar aos galãs, mocinhos e vilões das tramas. "A separação que fazem é horrível, mas existe. Somos atores. E é preciso dizer que é mais difícil fazer rir do que fazer chorar", protesta Castrinho, que interpreta atualmente o delegado Maurinho, em Bicho do Mato.

O convite para participar da novela da Record partiu de Luiz Antônio Rocha, diretor de elenco da emissora. "Quando sugeri o nome do Castrinho, houve estranheza", confessa.

O diretor, no entanto, comemora o fato do comediante ter superado as expectativas da equipe e dado uma contribuição extra ao papel. "A experiência dele fez com que o personagem crescesse na história. Agora ninguém mais discorda da minha sugestão", orgulha-se Luiz Antônio, que pensava em indicar Castrinho para algum trabalho desde que o viu atuar no filme A Ostra e o Vento, de Walter Lima Jr.

Outra que já sentiu na pele o peso de um rótulo é Fafi Siqueira. Famosa, principalmente, pelas imitações que faz do cantor Roberto Carlos, já participou de novelas como Hipertensão, Zazá e, até poucos dias, estava no ar como Valquíria, de Cobras & Lagartos. Mas como coleciona no currículo vários programas de humor, também se sentiu vítima de preconceito. "Em um dos períodos em que o SBT produziu novelas, ouvi que não seria chamada porque eu tinha cara do programa A Praça é Nossa", conta Fafi.

Depois dessa experiência mais recente na trama escrita por João Emanuel Carneiro, Fafi avisa que quer participar de outros folhetins. "Para nós, comediantes, não existe papel menor. É só chamar", avisa. Ela acredita no carisma dos comediantes para atrair o público. "O fato de estarmos em uma novela gera curiosidade. As pessoas assistem para ver no que vai dar, já que estão mais acostumadas a nos ver em outros programas", explica.

Sem pensar no interesse que um nome pode gerar, mas na contribuição que um profissional com anos de experiência pode trazer para um personagem, Carlos Lombardi convidou Chico Anysio para fazer Pé na Jaca. O comediante, que esteve em Sinhá Moça como o abolicionista Everaldo, sempre comandou programas no quais lançou novos talentos. Mas como nos últimos anos essa função é exercida pelo Zorra Total, Chico voltou a ser aproveitado pelos autores.

"Ao saber que ele estava aberto a fazer novelas novamente, não podia perder a oportunidade de convidá-lo", afirma Lombardi. Na trama, ele será Cigano, dono de um parque de diversões que se diz romeno, mas é do Ceará.

Não é o fato do profissional estar disponível para fazer teledramaturgia, no entanto, que lhe garante oportunidade. Bemvindo Sequeira, que estreou na tevê como o comentado Bafo de Bode, de Tieta, passou uma boa fase da carreira sem convites para atuar. Seu nome era indicado apenas para a chamada linha de shows da emissoras. "Fui fazer Escolinha do Professor Raimundo e Escolinha do Barulho, mas não me situei porque meu perfil não era aquele", define Bemvindo.

Atualmente, com várias emissoras produzindo novelas, o ator reconquistou um lugar como ator. Contratado pela Record, interpretou Alfredo Dias em Cidadão Brasileiro e já é nome certo em uma das próximas produções da emissora.

Bem acomodados Entre os profissionais rotulados como comediantes, há aqueles confortavelmente acomodados onde estão. Cláudia Rodrigues, a protagonista de A Diarista, é uma das integrantes desse grupo. Contrária à opinião defendida por alguns de seus colegas - de que é bom participar de uma novela para mostrar um verdadeiro talento -, Cláudia afirma que só tem compromisso com ela mesma.

"Não tenho essa necessidade. Tenho que provar minha capacidade para mim mesma, todo dia em que venho gravar", defende. E sem hesitar, afirma estar satisfeita com seu seriado. "Não tenho a menor vontade de fazer novela", completa.

Paulo Silvino, que estreou na Globo em 1967, mas já tinha passado antes por emissoras como Tupi e Excelsior, só se deixaria seduzir por um convite para atuar em um folhetim se a recompensa financeira fosse muito boa. "Há quarenta anos, gravo apenas uma vez por semana e trabalho fazendo graça. Para que vou querer outra coisa?", esnoba.

Para o veterano, não há nada melhor do que fazer o público rir. "Novela tem choradeira demais para o meu gosto", confessa o ator que dá vida ao porteiro Severino, do Zorra Total, mas que já atuou em Zazá, de 1997.

Instantâneas # A comediante Gorete Milagres, famosa pelo bordão "ô, coitado", experimentou do gosto de fazer uma novela em Prova de Amor, da Record. "Vi seu trabalho no filme Tapete Vermelho, achei ela ótima e resolvi convidá-la para uma participação", explica Luiz Antônio Rocha, diretor de elenco da Record. Na trama, Gorete foi caseira de uma residência.

# Pouca gente se lembra, mas Fabiana Karla, a "personal" pobre do Zorra Total, estreou na tevê em uma novela. Foi em Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos. Ela era a empregada doméstica Célia. Entrava muda e saía calada das cenas.

# Outra que já integrou elencos de folhetins mas com personagens imperceptíveis é Ingrid Guimarães. A Pity, de Sob Nova Direção, participou de Por Amor, em 1997. "Atualmente, minha cabeça está toda voltada para o seriado. Mas gostaria de, um dia, fazer um papel não ligado à comédia em uma novela", confessa Ingrid.





Fonte: TV Press

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