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Economia
Sexta - 10 de Novembro de 2006 às 14:15

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Mato Grosso terá a primeira planta de biodiesel integrada a uma usina de álcool no país, localizada no município de Barra do Bugres (168 km a Médio-Norte de Cuiabá). A Barralcool investiu aproximadamente R$ 27 milhões na fábrica, com capacidade produtiva anual de 57 milhões de litros do combustível, em um modelo inédito, que permite, ao ser instalada anexa a usina de bioetanol e açúcar, a integração energética, além do aproveitamento de outras facilidades existentes no complexo industrial.

O governador Blairo Maggi confirmou que a inauguração da usina, no próximo dia 21, contará com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, além de diversas autoridades estaduais e nacionais. Essa solução empregada na construção da usina possibilita reduzir cerca de 20 a 25 % no investimento quando comparada com uma planta de biodiesel não integrada, o que contribui para na redução do custo final do combustível, uma vez que os insumos utilizados serão da usina de álcool já instalada.

A nova unidade produzirá o biodiesel a partir de vários óleos e, quando estiver se utilizando da rota etílica, ou seja, com a utilização do bioetanol como matéria-prima, o biodiesel produzido será "100% ecológico", já que utilizará em sua composição exclusivamente produtos de origem vegetal e provenientes de fontes renováveis, até mesmo em sua fonte de energia elétrica e térmica, onde será utilizado o bagaço de cana como combustível.

Além da produção de biodiesel, a planta contempla uma unidade para tratamento da matéria-prima possibilitando trabalhar com diferentes qualidades, um parque de estocagem para matéria prima, produtos e subprodutos, unidade de carregamento e descarregamento.

Com a instalação da planta, a Barrálcool passa a ser a primeira usina no mundo a gerar as bioenergias: bioeletricidade, bioetanol e biodiesel. Segundo o gerente de biodiesel da Barralcool, Silvio Rangel, a empresa Dedini Indústria de Base, com experiência no mercado há 80 anos em construção de usinas utilizou na planta de biodiesel tecnologia italiana. A nova usina iniciará a produção de biodiesel a partir do grão de soja e conforme Sílvio, expandirá para outras oleaginosas como o pinhão manso e girassol.

MERCADO

Segundo dados do Departamento de Combustíveis Renováveis, do Ministério de Minas e Energia, a maior parte dos Estados brasileiros – quinze deles – está com projetos de investimentos em usinas de biodiesel representando uma capacidade de produção em torno de 1,8 bilhão de litros por ano. Esse mercado só tende a avançar mais, uma vez que a demanda aumentará com a obrigatoriedade de adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel, a partir de 2008, e 5%, a partir de 2013.

Com a usina de Barra do Bugres, Mato Grosso possui três empreendimentos em funcionamento, duas delas utilizando o soja, principal matéria-prima para o biodiesel nacional. Além desses empreendimentos, um deles em fase de instalação em Rondonópolis, pertencente à multinacional ADM, também óleo de soja como matéria-prima e estará competitivamente posicionada para atender à demanda de biodiesel dos produtores rurais e dos setores ligados ao transporte rodoviário e ferroviário.

A demanda mundial por biodiesel deverá crescer para 33,5 bilhões de litros em 2007, segundo previsões do Governo Federal. As políticas de incentivo ao uso de combustível menos poluente elevarão em 440% o consumo do produto, que hoje é de 6,2 bilhões de litros. O Brasil, no entanto, não deve ser o principal fornecedor do produto, mas já contribui no mercado nacional com a exploração dessas fontes renováveis, auxiliando na redução do impacto ambiental.

Com a instalação da empresa, o Estado inicia um processo de desenvolvimento regional estimulando o trabalho de centenas de famílias e colaborando para mudar o perfil sócio-econômico de Mato Grosso, principalmente com a diversificação industrial que permite a atração de outros empreendimentos, que indiretamente, irão necessitar da utilização de fontes de bioenergias.

EMPRESA

A Barralcool já opera com produção de biodiesel em uma unidade no Distrito Industrial de Cuiabá, onde são processados 8 milhões de litros de biodiesel anualmente. Na Europa, o custo de processamento de uma tonelada de biodiesel chega a 120 euros (R$ 324,00). Aqui, o custo da produção cairia pela metade.

A empresa atua na geração de energia limpa através do bagaço da cana (biomassa), desde 1996, sendo empresa pioneira no Estado nesse setor. Dos 24 Mw/h de energia elétrica produzidos, 7 Mw/h são utilizados para consumo próprio e 17 Mw/h destinados à comercialização. Esta quantidade de energia elétrica é suficiente para atender a demanda de uma cidade com 130 mil habitantes.

Na nova planta em Barra do Bugres, a empresa vai desenvolver um projeto de aquisição de parte das matérias-primas oleaginosas de pequenos produtores da agricultura familiar da região por meio do consórcio dos municípios do Alto Paraguai, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, processo que habilitará a empresa a receber o Selo Social.

PESQUISA

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso desenvolveram uma tecnologia para a produção de biodiesel etílico, por meio da reação de transesterificação, quer permite a produção de biodiesel a partir de gordura animal ou vegetal e etanol, dispensando o uso de matéria prima purificada (óleo degomado) e álcool anidro.

O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc). Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, soja e outras.

Tratores a biodiesel

Durante a inauguração da usina de biodiesel, a fabricante de tratores Valtra, pioneira no Brasil em pesquisa e desenvolvimento de tratores a biodiesel, vai apresentar dois modelos movidos a serão da performance dos combustíveis B-50 (50% de biodiesel e 50% de diesel) e B-100 (100 biodiesel). Um terceiro Valtra BH 180, abastecido com 100% de diesel, servirá de espelho do projeto.

No interior de São Paulo, tratores Valtra completaram este mês três mil horas de testes nas lavouras de cana da Usina Catanduva, sendo o primeiro teste com tratores a biodiesel homologado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Conforme os pesquisadores da Valtra, os resultados dos testes mostram até o momento um excelente desempenho dos motores e comprovam a viabilidade econômica e a segurança do biodiesel como combustível alternativo para máquinas agrícolas.





Fonte: Da Assessoria

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