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Politica Brasil
Quarta - 08 de Novembro de 2006 às 09:15

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Mesmo com as suspeitas de que pode estar envolvido na tentativa de compra do dossiê contra políticos do PSDB, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP) adotou ontem atitude desafiadora e afirmou que pretende retornar "logo" à presidência do PT, da qual se afastou no dia 6 de outubro.

A volta, segundo ele, estaria condicionada ao término do inquérito da Polícia Federal sobre o dossiegate, previsto para daqui a um mês, ainda que a conclusão lhe seja desfavorável. "Pretendo voltar [à presidência do partido] assim que terminar esse processo. Não estou condicionando ao resultado do inquérito, mas à sua conclusão. Inquérito não condena ninguém, no máximo indicia", declarou Berzoini, pouco depois de seu primeiro discurso na tribuna da Câmara desde a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Minha avaliação é que isso vai se resolver logo", completou. A previsão foi feita um dia após terem sido descobertas ligações de seu escritório político para uma empresa ligada ao ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy, também suspeito de participação no dossiegate, nos dias que antecederam o estouro do caso. Berzoini voltou a declarar ontem que as ligações diziam respeito a um contrato de segurança da empresa da mulher de Freud com seu escritório. Estatuto

Deixando claro que o afastamento da presidência foi um mero "movimento tático" para não prejudicar a reeleição de Lula, ele afirmou que tem a seu lado o estatuto do partido e o respaldo das urnas.

Berzoini foi eleito presidente do PT no ano passado, em um processo no qual votaram aproximadamente 315 mil filiados. O estatuto do partido não prevê o impeachment do seu presidente. É Berzoini, cujo mandato expira apenas em 2008, quem decide seu futuro: se fica afastado, se retorna efetivamente à presidência ou se renuncia ao cargo.

Resistências

Mas essa regra é relativizada por condições políticas. Entre assessores diretos de Lula, o retorno pleno de Berzoini à presidência do PT não agrada, segundo a Folha apurou. A avaliação é que desgastaria o partido e Lula, além de ser mais produtivo politicamente que Marco Aurélio Garcia permaneça à frente do PT durante todo o processo de composição do novo governo.

"Essa não é uma pauta do momento [a volta de Berzoini]. Nós tivemos uma reunião da Executiva e todos estão de acordo que o Marco Aurélio continua presidindo o PT. E ponto. É isso", afirmou à Folha o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).

"Confio na total inocência do Berzoini e reputo como meritória a decisão dele de se afastar do partido. Portanto, entendo que o PT tem uma situação estável. Não é do nosso interesse colocar isso na pauta. Seria infantilidade política", enfatizou Fontana.

Segundo o terceiro vice-presidente do PT, Jilmar Tatto (SP), "não tem sentido tirar o mandato de Berzoini no tapetão". "Assim que for apurado o caso do dossiê, ele pode voltar à presidência. Acredito na inocência dele", disse Tatto.





Fonte: 24HorasNews

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