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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 06 de Novembro de 2006 às 09:35

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Ele não aparece na cédula eleitoral e muitos dos simpatizantes de seu próprio partido não o querem por perto, mas o presidente americano, George W. Bush, está agora no centro da campanha republicana. Sua briga com o senador Democrata John Kerry, sobre se o ex-candidato presidencial "desrespeitou" ou não o Exército, deu energia aos republicanos em todo o país.

De repente, Bush está em demanda. Mas será que ele pode fazer alguma diferença? Em uma noite quente na cidade de Perry, no Estado da Geórgia, localizada algumas horas ao sul de Atlanta, eu assisti ao presidente em ação. Nós estávamos no Centro de Exposições, um conjunto de prédios em um enorme campo que normalmente abriga feiras agrícolas e conferências.

Jesus Os tratores ao redor estavam sendo dirigidos por republicanos. Nosso modesto carro alugado parecia um anão perto dos veículos 4X4 e se sobressaia pela falta de adesivos defendendo causas de direita. A primeira coisa que você percebe quando fala com esses republicanos do interior é a importância da religião nas razões que usam para explicar por que gostam do presidente.

Vários mencionaram a religião, mesmo sem serem perguntados, e isso é algo que você não escuta no resto do país. "Ele acredita em Jesus", dizem eles, como se esse fato fosse suficiente para segurar um debate político. Mas outra sensação é a de que, para eles, grande parte do resto do país é hostil, estranha e herege. Eles acreditam que o presidente compartilha dessa visão. E Bush não decepciona.

"Truque antigo¿ No palco, após um aquecimento de mais de uma hora, o presidente parece com um local. Ele veste uma camisa cáqui - elegante e abotoada, mas também descontraída e masculina.

É uma camisa que dá a ele o direito de se aliar à multidão. Mas, quando chequei seu endereço pela última vez, o lugar que o presidente chama de lar fica bem no centro de Washington. Fazer campanha contra Washington é um velho truque - os ex-presidentes Jimmy Carter e Ronald Reagan fizeram. Mas fazer isso sendo presidente, e já há alguns anos, é uma façanha.

Na Geórgia, em frente a uma multidão de alguns milhares de simpatizantes, a tática funcionou. Na nação como um todo, ela pode não cair tão bem. Milagres A declaração do presidente de que "os terroristas no Iraque venceriam" com os Democratas no poder vai contra a visão da maioria dos americanos. Segundo as pesquisas de opinião, a maior parte da população acredita que os terroristas já estão se dando muito bem sob a gestão do atual presidente.

Outra idéia que não parece razoável é a possibilidade de que Bush possa levar seu partido à vitória atacando o casamento gay. Na Geórgia, eles adoraram as declarações sobre a ameaça à instituição do casamento feita por juízes ativistas, mesmo com esses juizes vivendo a milhares de quilômetros de distância, em Nova Jersey. E mesmo com a possibilidade de o casamento gay acontecer na Geórgia sendo quase nula.

Mas, após conversar com republicanos de outros Estados, incluindo da conservadora Pensilvânia, eu sei que essas táticas já não têm mais tanta força. Ainda assim, há algo de atraente em um presidente tão confortável em sua própria pele.

Até mesmo seus admiradores não diriam que ele parece feliz no ambiente formal de Washington. Mas, na América rural, ele aparenta estar em casa e inclusive parece menos bobo, menos estridente.

Se ele conseguir ajudar seu partido, será nesse nível - da imagem e do estilo - onde o contraste com os democratas (como John Kerry) é tão pronunciado. No estacionamento depois do evento na Geórgia, os locais se dispersaram para fazer o que costumam fazer à noite (rezar, creio eu), sabendo que os republicanos enfrentam uma batalha, mas confiantes de que podem virar o jogo. Eles não desistiram, e muitos deles realmente acreditam em milagres...





Fonte: BBC Brasil

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