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Internacional
Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 09:38

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Saddam Hussein, condenado à morte na força neste domingo pelo Tribunal Penal iraquiano, foi um promotor do pan-arabismo e o chefe todo-poderoso do Iraque antes de se tornar um pária e começar a enfrentar uma série de processos por crimes contra a humanidade.

O culto da personalidade do "grande dirigente", que supostamente seria uma síntese dos legendários Saladino e Nabucodonosor, terminou com sua captura pelos invasores americanos, que o encontraram num buraco de rato ao norte de Bagdá no dia 13 de dezembro de 2003, depois de uma perseguição de oito meses.

Saddam foi condenado à pena de morte neste domingo pela execução de 148 xiitas em Dujail nos anos 80. Além disso, responde num segundo processo às acusações de genocídio dos curdos durante a campanha de repressão conduzida em 1987-88, com o nome de Anfal (butim).

A acusação faz parte do processo sobre a repressão da rebelião xiita no sul do Iraque, depois da derrota do exército iraquiano, expulso do Kuwait em 1991 por uma coalizão conduzida pelos Estados Unidos.

Com a entrada das tropas americanas em Bagdá, no dia 9 de abril de 2003, caiu o regime daquele que prometeu a seus cidadãos "morrer no Iraque e preservar a honra do povo".

Saddam Hussein entrou rapidamente na clandestinidade, enquanto que suas estátuas foram destruídas e seus retratos, rasgados, sujos ou queimados.

Seus dois filhos, Qussai e Qudai, déspotas como o pai, morreram três meses mais tarde, assassinados pelas forças americanas. Sua mulher e suas filhas fugiram para o exterior.

As imagens humilhantes de sua captura correram o mundo. Detido numa prisão perto do aeroporto de Bagdá, ele teve de abandonar suas roupas e aparatos.

Durante seu primeiro processo diante do Tribunal Especial Iraquiano, ele apareceu freqüentemente com roupas sombrias e camisas claras, sem gravata, e certa vez usou uma dichdacha (vestido masculino iraquiano). Mas ele não perdeu sua arrogância e bravura diante de um tribunal que ele não reconhecia.

Aos 69 anos, Saddam é o primeiro chefe de Estado árabe a ser julgado em seu país por crimes cometidos contra seu povo. Uma parte dos insurgentes iraquianos continua a defender a volta do antigo regime baathista.

Nascido no dia 28 de abril de 1937 em Awja, na região de Tikrit, no norte de Bagdá, numa família de camponeses, Saddam Hussein teve uma infância difícil. Orfão de pai aos 9 anos, ele foi criado por seu tio, que o enviou para estudar em Bagdá. Ele começou a se tornar conhecido em 1959, ao tentar assassinar o presidente Abdel Karim Qassem, deposto em 1958.

Ferido na perna, ele fugiu para o exterior e retornou quatro anos mais tarde ao Iraque. Foi preso em 1964, mas conseguiu fugir e retomar a ação clandestina para o partido Baath.

Saddam Hussein participou em 1968 do golpe de Estado que levou este partido ao poder. É o início de sua ascensão até se tornar o homem forte do regime presidido por Ahmad Hassan Al-Bakr. Secretário-geral adjunto do Baath, ele se tornou em 1969 vice-presidente do Conselho de Comando da Revolução (CCR, mais alta instância dirigente) e não parou de reforçar seu poder.

Promovido a número um do regime no dia 16 de julho de 1979, ele acumulou os postos de chefe de Estado, secretário-geral do Baath, presidente do CCR e chefe supremo do exército. Saddam não tolerou nenhuma dissidência, multiplicou os expurgos e enviou os opositores ao exílio ou ao cemitério.

Saddam Hussein, que travou de 1980 a 1988 uma guerra mortífera no Irã e sofreu uma derrota durante a guerra do Golfo em 1991, aprendeu a arte de sobreviver. Mesmo os mísseis americanos que caíram no Iraque nos anos 1990 não afetaram sua determinação, enquanto o povo iraquiano foi penalizado pelas sanções internacionais.

Isolado em seus imensos palácios com conforto extravagante, ele não deixou de desafiar os Estados Unidos até o desembarque no Iraque das tropas americanas em março de 2003.





Fonte: AFP

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