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Nacional
Sexta - 03 de Novembro de 2006 às 11:51

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Quase todas as espécies de peixes e crustáceos pescados para o consumo podem desaparecer dos oceanos até 2050 se a tendência atual se mantiver, alertaram cientistas americanos e canadenses. Esta eliminação acelerada da biodiversidade marinha resultante da pesca predatória e da poluição ameaça a segurança alimentar do planeta e o meio ambiente, afirmam estes biólogos e economistas no maior estudo já realizado a respeito deste assunto e publicado na revista americana Science de 3 de novembro.

"Nossas análises indicam que se nada mudar, a situação atual nos faz prever sérias ameaças à segurança alimentar mundial, à qualidade das águas costeiras e à estabilidade do ecossistema que afetarão as gerações atuais e futuras", escreveram.

"Quando observamos os resultados das pesquisas em laboratórios ou dos estudos nos oceanos, fazemos a mesma constatação, ao sabermos que a produtividade e a estabilidade de todo o ecossistema marinho diminuem", explica Boris Worm, um biólogo da Universidade de Halifax (Nova-Escócia), um dos co-autores.

Neste estado, "29% das espécies de peixes e de crustáceos estão prestes a desaparecer", afirma Boris Worm acrescentando que "a pesca de peixes destas espécies diminuiu 90%" nos últimos anos. O bacalhau do Atlântico norte já atingiu um ponto crítico e é considerado quase extinto.

"Se esta tendência se mantiver, todos os estoques de peixes e crustáceos poderão desaparecer até 2048", acrescentou Boris Worm.

Esta pesquisa realizada durante quatro anos revela também que o desaparecimento de uma única espécie acelera a desregularização do conjunto do ecossistema.

Por outro lado, qualquer espécie que obtiver uma taxa normal de reprodução contribui para a saúde e a estabilidade dos oceanos assim como para sua capacidade de absorver choques como a poluição e o aquecimento global.

Os cientistas explicam que a perda da biodiversidade reduz profundamente a capacidade dos oceanos de abrigar peixes e crustáceos, de resistir ao surgimento de parasitas, como certas algas, além de produzir oxigênio e filtrar substâncias poluentes.

"O oceano é um grande ''reciclador''. Ele absorve a sujeira e a recicla, transformando-a em substâncias nutritivas, retira as toxinas da água, produz alimentos e transforma o dióxido de carbono (CO2) em nutrientes e oxigênio", ressalta Steve Palumbi, um biólogo da Universidade Stanford (Califórnia) e co-autor dos trabalhos.

Para estes estudo, os pesquisadores fizeram a síntese de todos os dados relativos a milhares de anos de história marinha, provenientes de estudos em 48 zonas marítimas protegidas e estatísticas mundiais a respeito da pesca de 1950 a 2003.

"Todos os dados mostram também que é possível inverter a tendência atual antes que seja tarde demais", consideram os autores do estudo, lamentando "que apenas 1% dos oceanos esteja protegido atualmente".

No dia seguinte à divulgação deste estudo, a organização ambiental Greenpeace exigiu nesta sexta-feira que quase a metade dos oceanos seja classificada como santuário marinho.

"A pesca excessiva e ilegal destrói nossos oceanos a um ritmo alarmante", lamentou Nilesh Goundar, porta-voz do Greenpeace na Austrália, que pediu a criação de uma vasta zona de proteção em 40% dos mares.





Fonte: AFP

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