Lula quer uma relação privilegiada com a Europa e os Estados Unidos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que seu país tenha uma "relação privilegiada com a Europa e os Estados Unidos", segundo uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal espanhol El País.

"Queremos uma relação privilegiada com a Europa e também com os Estados Unidos, que é uma relação estratégica e nosso maior sócio comercial", afirmou Lula nesta matéria também publicada nos jornais francês Le Figaro e italiano La Repubblica.

"Mas precisamos nos abrir para novos espaços neste mundo globalizado e não podemos ficar dependentes de uma ou duas economias", destacou Lula, que no domingo passado foi reeleito para o cargo.

"Temos de pensar em quem está mais próximo de nós, quais são as semelhanças entre os países da América do Sul e do Brasil e o que podemos fazer para nos ajudar mutuamente", afirmou o chefe de Estado brasileiro que não assistirá a XVI Cúpula Ibero-americana que se inaugura nesta sexta-feira, em Montevidéu.

Na mesma entrevista, Lula assegurou que quer levar adiante e de forma urgente a reforma política "que permitirá a renovação dos partidos políticos".

Segundo ele, esta reforma impulsionará a "fidelidade em seus militantes, estabilidade interna mediante uma lista de candidatos e que o financiamento dos partidos seja público e não privado".

Sobre a questão da corrupção, que esteve a ponto de custar-lhe seu segundo mandato, Lula não hesitou em afirmar que uma das coisas de que se orgulha é que seu primeiro mandato tenha "se caracterizado pela luta contra a corrupção".

Explicou então que, segundo os dados da Polícia Federal, "os bandos descobertos há anos operavam no país e ninguém dizia nada".

"Preferiram jogar a corrupção debaixo do tapete e nós a revelamos", sentenciou.

"Demonstrei que posso governar melhor que (seu antecessor Fernando Henrique) Cardoso, mas agora tenho de competir comigo mesmo, o que é mais difícil", respondeu, ao ser indagado sobre as perspectivas de sua segunda presidência.