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Politica Brasil
Sexta - 03 de Novembro de 2006 às 08:16

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Os donos da Planam, Darci e Luiz Antonio Vedoin, vão confirmar em depoimento marcado para a próxima semana na sede da Polícia Federal em Cuiabá a versão de que o empresário Abel Pereira recebia propina para intermediar a liberação de verbas do Ministério da Saúde na gestão de Barjas Negri (PSDB), hoje prefeito de Piracicaba (SP).

O delegado da PF Diógenes Curado confirmou que os Vedoin e o empresário Ronildo Pereira -apontado como um dos sócios ocultos da Planam- serão ouvidos na próxima semana no inquérito que apura o suposto envolvimento de Abel no esquema das sanguessugas durante a gestão Barjas, em 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Um dos advogados dos Vedoin, Otto Medeiros, disse que os donos da Planam manterão a versão dada anteriormente à PF -de que Abel Pereira cobrava propina de 6,5% para intermediar a liberação de verbas.

Ronildo Pereira também já comprometeu o empresário piracicabano em depoimento anterior na Justiça Federal. Abel e Barjas negam as acusações.

Investigações

A PF diz já possuir motivos para indiciar Abel e enquadrá-lo nos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, fraude em licitação e crime contra a administração pública.

Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, foi liberado da cadeia na última terça após permanecer preso por 16 dias sob a acusação de envolvimento na tentativa de venda do dossiê contra os tucanos para pessoas ligadas ao PT.

A PF identificou que Abel se encontrou com os Vedoin e buscou conversar com eles por telefone antes da tentativa de venda do dossiê, em setembro. Foram presos Paulo Roberto Trevisan, no aeroporto de Várzea Grande, com o dossiê, e os emissários Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,7 milhão em hotel de São Paulo.

De acordo com o advogado de Luiz Antonio Vedoin, após ser liberado da prisão ele foi para o interior de Mato Grosso.

O advogado de Valdebran, Roger Fernandes, disse ontem que não pedirá habeas corpus preventivo para o depoimento na CPI dos Sanguessugas no próximo dia 21. No dia 30/10, o Supremo Tribunal Federal negou habeas corpus para Gedimar e Jorge Lorenzetti -também acusado no dossiegate- para que eles pudessem se manter em silêncio na CPI.

O ex-petista Jorge Lorenzetti, apontado pela Polícia Federal como o "articulador" do dossiê antitucanos, trocou quatro ligações de sua casa, em Florianópolis, com o celular "frio" que teria sido usado por Hamilton Lacerda durante a negociação do material com a máfia dos sanguessugas, de acordo com dados obtidos pela Folha.

Ao todo, incluindo celulares e um telefone fixo do comitê de campanha do PT usado por Lorenzetti, foram 33 ligações com o suposto número de Lacerda.

Segundo a Folha apurou, o delegado que cuida do caso, Diógenes Curado, acredita que Lorenzetti não terá como negar que falou com Lacerda por meio do número "frio", registrado em nome de Ana Paula Cardoso Vieira. Além das ligações para Lorenzetti, há 43 telefonemas trocados por outros números do comitê de campanha do presidente Lula com o celular em nome dela.

A PF suspeita que Ana Paula tenha sido usada como "laranja" na aquisição do aparelho. Assim, na avaliação da PF, Lorenzetti não saberia explicar a relação dela com o PT. Curado pretende ouvir Lorenzetti novamente. No primeiro depoimento, em setembro, ele não foi inquirido sobre o assunto.

A polícia entende, no entanto, que Lorenzetti poderá alegar que não se lembra do número ou ainda ficar calado. Procurado pela reportagem, o advogado de Lorenzetti, Aldo de Campos Costa, disse que preferiria não se manifestar sobre as supostas ligações, por não ter tido acesso ainda aos dados da quebra de sigilo telefônico de seu cliente, autorizada pela Justiça a pedido da PF.

Os policiais que cuidam do caso concluíram que o telefone em nome de Ana Paula era usado por Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo.

A PF constatou que havia vários telefonemas do número em nome dela a partir das mesmas cidades e em horários próximos a chamadas feitas e recebidas pelo telefone pessoal de Lacerda. Além de Lorenzetti, há ligações do número de Ana Paula para todos os demais integrantes da campanha de Lula envolvidos com o dossiê (Oswaldo Bargas, Expedito Veloso e Gedimar Passos), menos para o telefone pessoal de Lacerda.

A reportagem chegou a falar duas vezes com Ana Paula, mas ela negou qualquer envolvimento com o PT. Numa terceira tentativa, um homem atendeu a ligação, identificando-se como seu pai. Ele ameaçou um dos repórteres da Folha, dizendo para que não ligasse de volta para ela.





Fonte: Folha de S. Paulo

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