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Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Quarta - 01 de Novembro de 2006 às 15:40

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Um composto encontrado no vinho tinto é capaz de aumentar o tempo de vida de ratos obesos e ajudá-los a viver a velhice mais saudáveis, disseram cientistas na quarta-feira.

A molécula, o resveratrol, não apenas permitiu que os animais vivessem mais que outros roedores obesos como também reduziu os efeitos negativos sobre a saúde de uma dieta altamente calórica.

O resveratrol já mostrou efeitos semelhantes em estudos com fungos, moscas e vermes. Segundo os cientistas, é a primeira vez que uma pesquisa mostra esse funcionamento também em mamíferos.

"É possível encontrar uma molécula que ative as defesas naturais do corpo contra o envelhecimento. Pode-se usá-la para melhorar a saúde de um rato ou de um mamífero. Isso é inédito", disse David Sinclair, da Faculdade de Medicina de Harvard.

Ele acrescentou que o estudo, publicado na revista Nature, prova o princípio de que a molécula funciona em mamíferos, mas o teste verdadeiro será desenvolver formulações ou encontrar outras moléculas que tratem doenças ligadas ao envelhecimento, como diabete, mal de Alzheimer, problemas cardíacos e câncer.

"O objetivo é saber daqui a alguns anos se é possível tratar doenças no homem", disse ele à Reuters.

Os pesquisadores já sabem que a restrição calórica prolonga a vida de roedores e outros organismos. O resveratrol parece imitar os benefícios de comer menos, sem a necessidade de fazer regime.

Sinclair e uma equipe internacional de cientistas analisaram o impacto da molécula estudando três grupos de ratos de meia idade. Um grupo recebeu uma dieta padrão. O segundo recebeu uma dieta altamente calórica, e o terceiro recebeu a mesma dieta calórica mas também suplementos de resveratrol.

Oito semanas depois do início do estudo, os cientistas já perceberam uma diferença entre os dois grupos que recebiam dietas calóricas. Quando os animais tinham 114 semanas de idade, 58 por cento do grupo da dieta de altas calorias tinha morrido, contra 42 por cento nos outros grupos.

"Depois de seis meses, o resveratrol basicamente evitou os efeitos mais negativos da dieta altamente calórica nos ratos", disse Rafael de Cabo, um dos co-autores do estudo, e que pertence ao Instituto Nacional sobre o Envelhecimento nos Estados Unidos.

O estudo continua em andamento, mas até agora o composto estendeu de 10 a 20 por cento a vida dos animais obesos. "Não há dúvida de que estamos observando uma longevidade maior", disse Sinclair.

Além do efeito na sobrevida, o composto reduziu os efeitos negativos da obesidade. Os ratos tinham coração e fígado mais saudáveis, níveis de açúcar no sangue menores, maior sensibilidade à insulina e eram mais ativos que os roedores obesos não tratados com o resveratrol.

Quando os cientistas fizeram análises genéticas, descobriram que a molécula havia mudado o padrão de expressão gênica dos ratos obesos, assemelhando-o ao dos ratos magros.

O próximo passo é entender como o composto age. A equipe acredita que um componente essencial possa ser o gene SIRT1.

A Sirtris Pharmaceuticals, empresa co-fundada por Sinclair, já deu início a um ensaio de uma formulação de resveratrol em pacientes com diabete tipo 2. "Barulho mesmo vai haver se alguém provar que isso funciona em gente", afirmou Sinclair.





Fonte: Reuters

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