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Tecnologia
Terça - 31 de Outubro de 2006 às 09:27

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A ligação entre o fato de baixar pornografia infantil e pedofilia está ganhando atenção entre os psiquiatras forenses ultimamente, graças a leis recentes que definem como crime a posse de material de pornografia infantil em meio digital. O assunto será tema de um debate na conferência da Academia Americana de Psiquiatria e Lei (AAPL), evento de quatro dias que começou dia 29 de outubro, em Chicago.

"Um grande número de casos está indo ao tribunal e advogados estão nos ligando, querendo saber qual é a razão para esta ou aquela pessoa possuir pornografia infantil em seu computador", disse Dr. Humberto Temporini, psiquiatra forense da UC Davis Health System. Por conta da dificuldade em responder a este questionamento, Temporini e seus colegas estão desenvolvendo uma maneira de avaliar o risco, ou falta dele, de uma pessoa que colecione pornografia infantil proveniente da Internet vir a cometer abuso sexual contra menores de idade.

"Como você estima a posse de pornografia infantil da Internet sem o risco de abuso, sem o risco de que a pessoa irá sair e molestar uma criança?", perguntou Dr. Charles L. Scott, professor da clínica psiquiátrica da UC Davis Health System.

A conferência AAPL é um evento anual onde psiquiatras forenses procuram abordar as grandes questões de seu ofício. Pelo fato de a pornografia na Internet ser um fenômeno relativamente novo faltam de pesquisas a respeito de sua relação com comportamento sexual criminoso.

De acordo com o site EurekAlert, dois estudos federais norte-americanos, um em 1970 e outro na década de 80, falharam em achar uma relação entre possuir conteúdo pornográfico e praticar atos sexuais ilegais com menores. Scott disse que, comparativamente, a legalização das revistas pornográficas em diversos países europeus nas décadas de 60 e 70 não veio acompanhada de um aumento na freqüência de estupros.

Um estudo de 11 pedófilos revelou que a maioria deles não começou a ver pornografia infantil "até que já tivesse começado a cometer crimes contra crianças", afirmou Scott. Em 1991, em um estudo com 160 adolescentes acusados ou condenados por crimes sexuais, 70% deles alegaram que a pornografia não foi o elemento causador de suas atividades ilegais.

Para Scott, a natureza do material pornográfico é um fator-chave: pornografia extrema mostrando sadismo ou bestialidade, por exemplo, pode ser "componente integrante" de uma atitude sexual potencialmente criminosa. Mas também é difícil dizer que qualquer tipo de pornografia contribui para que alguém cometa estes abusos.

"Agora, cabe a pergunta: isto encoraja esta atitude ou a complementa?", pergunta Scott. "Isto ainda não foi realmente estudado".

Para os especialistas Temporini e Scott, está claro que a Internet facilitou o acesso de um amplo número de pessoas à pornografia infantil. Muitas das pessoas flagradas com este tipo de pornografia em seu computador dizem que o material foi recebido sem que elas pedissem.

"Você pode aceitar este argumento se forem uma ou duas imagens. Mas se forem 200 ou ela tiver criado uma pasta especial para estas imagens, então esta desculpa não é muito confiável", afirmou Temporini. Temporini diz que os "vigilantes", pessoas que colecionam pornografia infantil na tentativa de descobrir pedófilos, também tornam as pesquisas ainda mais difíceis. O especialista diz que é possível determinar o nível de "interesse pedófilo" de uma pessoa submetendo-a a uma bateria de testes a respeito de seu histórico sexual e outros assuntos, mas afirma que continua difícil adivinhar o que alguém que possua pornografia em seu computador possa - ou não - fazer de mau com uma criança.





Fonte: Magnet

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