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Internacional
Sexta - 27 de Outubro de 2006 às 22:24

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Homens armados incendiaram dois ônibus na periferia de Paris na sexta-feira, primeiro aniversário do incidente que desencadeou os piores distúrbios na capital francesa em quase 40 anos.

Uma fonte policial disse que dois homens encapuzados entraram num ônibus em frente a uma estação de trem no subúrbio de Seine-Saint-Denis, no começo da noite (à tarde no Brasil) e ordenaram que os cerca de 15 passageiros e o motorista saíssem, antes de atearem fogo ao veículo.

Um segundo ônibus foi atacado de maneira similar por dois homens armados em outra área do subúrbio, segundo uma autoridade local.

Pelo menos cinco ônibus foram queimados desde domingo nos subúrbios de Paris. A polícia afirma que a violência pode escapar ao controle novamente.

Durante o dia, centenas de pessoas fizeram uma passeata silenciosa em Clichy-sous-Bois, onde começaram os distúrbios do ano passado, que se alastraram por todo o país.

"Pode-se realmente sentir o ódio e o sofrimento das pessoas que vivem em Clichy-sous-Bois", disse Soumeya Ata, que viajou de Pau (sudoeste da França) para participar do evento.

Cerca de mil pessoas, a maioria jovens de famílias imigrantes, participaram da marcha em Clichy-sous-Bois, onde há um ano dois adolescentes morreram eletrocutados quando, segundo testemunhas, fugiam da polícia.

"Mortos à Toa", diziam camisetas usadas por alguns manifestantes, que passaram diante da subestação elétrica onde os rapazes morreram. Parentes choraram ao deixar flores no portão da instalação.

Os organizadores propuseram uma reflexão silenciosa para lembrar a tragédia, mas alguns canais de TV tiveram de tirar suas equipes do local após receberem ameaças de alguns jovens.

A tensão permanece elevada nos subúrbios franceses, onde a falta de empregos, a discriminação racial e a desconfiança em relação à polícia desencadearam a onda de violência de 2005.

O governo reforçou o policiamento na noite de quinta-feira. Os donos de ônibus ameaçavam paralisar suas atividades caso os incêndios prosseguissem. Na noite de sexta-feira, 4 mil policiais estão mobilizados em todo o país para tentar evitar incidentes.

O ministro do Interior, Nicolás Sarkozy, pretende endurecer as penas para ataques contra policiais. Sarkozy é pré-candidato à presidência em 2007, numa eleição que deve ter a segurança como um dos temas principais.

SEM MUDANÇAS

Os distúrbios de 2005 foram os piores desde os protestos estudantis de maio de 1968.

O governo tentou minimizar a data e destacou a liberação de 420 milhões de euros (531,6 milhões de dólares) para programas sociais nos subúrbios desde a crise. "As coisas estão melhores, menos ruins", disse o porta-voz governamental Jean-François Cope à rádio France Inter.

Embora a taxa nacional de desemprego venha caindo desde o ano passado, as autoridades locais vêem poucos progressos.

"Pouca coisa mudou no dia-a-dia das pessoas", disse à Reuters durante a passeata Olivier Klein, o vice-prefeito socialista de Clichy-sous-Bois. "O que está sendo feito para garantir que Clichy não tenha três vezes o desemprego do resto da França?"

Os sindicatos de policiais estão alarmados. Dizem que 14 agentes são feridos por dia e que a polícia enfrenta uma guerrilha urbana nos voláteis subúrbios que cercam a maior parte das grandes cidades francesas.

Vários policiais foram hospitalizados depois de serem agredidos nas últimas semanas. Em vários casos, eles aparentemente foram atraídos para armadilhas por gangues juvenis.

Nos primeiros seis meses de 2006, cerca de 21 mil carros foram queimados e houve 2.882 ataques contra policiais, bombeiros e ambulâncias, segundo o serviço de inteligência policial.





Fonte: Reuters

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