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Internacional
Quarta - 20 de Setembro de 2006 às 05:25

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O general Sondhi Boonyaratglin, o novo homem forte da Tailândia, que liderou com sucesso um golpe de Estado, é visto como uma "avis rara" nas Forças Armadas, por ser um muçulmano num país de maioria budista.

Essa é talvez a característica que mais salta aos olhos num militar conhecido também por sua carreira meteórica e suas divergências com o primeiro-ministro deposto, Thaksin Shinawatra, que estava em Nova York ontem à noite, quando aconteceu o golpe.

O conflito começou a se acirrar em outubro de 2005, quando Sonhi foi nomeado chefe das Forças Armadas. A escolha surpreendeu a todos, devido às conhecidas divergências entre ele e o primeiro-ministro.

Por trás da designação de Sondhi estavam seu antecessor à frente do Exército, o general Surayud Chulanont, e o presidente do Conselho Privado, o general Prem Tinsulonda. Os dois são conselheiros do rei da Tailândia, Bhumibol, e preferiam que o conflito separatista no sul do país fosse tratado por um nativo da região.

A rebelião separatista muçulmana, que desde janeiro de 2004 causou a morte de mais de 1.500 pessoas, foi a principal fonte de atritos entre Sondhi e Shinawatra.

O general, de 59 anos e inteiramente consagrado à instituição militar, comoveu a opinião pública ao declarar que as agências de segurança do Estado preparavam uma "lista negra" de supostos militantes separatistas islâmicos.

Apesar de não reconhecer que a informação foi usada para organizar assassinatos seletivos de simpatizantes independentistas, Sondhi achava que as listas eram um erro que só contribuiria para acirrar ainda mais o conflito nas províncias muçulmanas de Yala, Pattani e Narathiwat.

Como muçulmano moderado, Shondi defendia uma política transparente para buscar uma reconciliação entre a minoria do sul e a maioria budista do resto do país.

No entanto, seu plano para uma aproximação "nova e efetiva" parecia destinado ao fracasso. Corriam boatos na capital de que ele seria exonerado em outubro e transferido para um posto menos influente.

Os rumores coincidiram com as cada vez mais freqüentes aparições de Shondi ao lado de Prem, numa série de atos sociais. Os dois criticavam a corrupção dos líderes políticos e manifestavam sua lealdade ao rei.

Ainda assim, e à medida que se consolidavam os protestos populares contra Shinawatra, Shondi negava haver uma conspiração para derrubar o governante, acusado pela oposição de nepotismo e corrupção.

Na noite de 19 de setembro, Shondhi cruzou o seu Rubicão ocupando as ruas com tanques. O golpe surpreendeu o ex-empresário Shinawatra, que soube da sua deposição quando estava a ponto de pronunciar um discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas.

Num discurso transmitido à nação pela TV, Shondi acusou Shinawatra de corrupção, nepotismo e de causar uma divisão sem precedentes na sociedade tailandesa.

O chefe militar anunciou a suspensão da Constituição e dissolveu o Senado, a Câmara de Representantes e o Tribunal Constitucional, formando um Conselho Administrativo para a Reforma destinado a restabelecer a normalidade. Assumiu assim a chefia provisória do país, concedendo aos comandantes regionais poderes para dirigir a nova política em suas áreas.

Este é um momento crucial para Shondi, um militar de poucas palavras admirado por seus homens graças a um histórico que inclui a participação na Guerra do Vietnã com as forças tailandesas e o serviço na unidade de elite da luta contra a guerrilha separatista.

É o primeiro golpe de Estado em 15 anos na Tailândia. O país volta ao intervencionismo militar, responsável já por 23 rebeliões e 10 tentativas de golpe desde 1932, quando o país aboliu a monarquia absoluta.





Fonte: EFE

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