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Meio Ambiente
Sexta - 04 de Agosto de 2006 às 06:59

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As pesquisas relacionadas ao combate aos efeitos do envelhecimento podem conseguir avanços históricos nas próximas décadas, capazes de aumentar enormemente a expectativa de vida, prevê um importante cientista britânico.

Já em 2036, a média de vida dos moradores do mundo desenvolvido deve ser décadas maior do que é atualmente, de acordo com o biomédico e gerontologista Aubrey de Grey. Se terapias de rejuvenescimento aplicadas em ratos de laboratório puderem ser feitas em humanos até lá, afirma o pesquisador, uma pessoa de 55 anos poderá esperar viver outros 60 anos ou mais, ou seja, décadas a mais do que a expectativa de vida prevista pelo Departamento de Estatística da Grã-Bretanha - segundo o qual um homem britânico médio de 65 anos de idade já podia esperar chegar aos 84 em 2004.

Segundo Grey, essa expectativa de vida de décadas a mais pode mudar os padrões tradicionais de vida familiar, carreiras, aposentadoria, educação e a criação dos filhos, além de alterar profundamente o sistema previdenciário. "Essas coisas terão de ser analisadas agora pelos especialistas em planejamento financeiro. O setor (previdenciário) sempre partiu do pressuposto de que, se a média de vida aumentasse, esse acréscimo seria pequeno", afirmou.

A expectativa de vida elevou-se bastante na Grã-Bretanha. Na década de 1950, um homem com cerca de 65 anos de idade esperava viver, em média, mais 12 anos. Essa cifra deve elevar-se para 21,7 anos na metade deste século, de acordo com dados do Departamento de Estatística do governo citados em um relatório da Comissão Previdenciária.

A média de vida é maior entre as mulheres, mas vem aumentando a um ritmo menor, afirma a comissão. Nesta quarta-feira, a empresa de consultoria Lane Clark & Peacock disse que o déficit nos fundos de previdência das cem empresas constantes do índice da Bolsa de Valores de Londres caiu apenas ligeiramente de 2004 para 2005, apesar de um aumento no valor das contribuições. O fenômeno se deve, em parte, ao aumento da longevidade.

Verdade ou ficção? Uma expectativa de vida bastante ampliada é também objeto da ficção científica, como aconteceu no livro Time Enough for Love (Tempo suficiente para o amor), de Robert A. Heinlein, no qual as pessoas vivem por centenas de anos.

Mas não é mais um sonho a possibilidade de que os seres humanos vivam décadas a mais do que vivem atualmente, afirmou Grey. Segundo o gerontologista, apesar de as pessoas terem reservas ou mesmo serem hostis à idéia de uma expectativa de vida ampliada, os avanços da ciência devem transformar essa possibilidade em realidade.

Como resultado, haverá uma mudança de estilo de vida. As pessoas podem ficar aposentadas por vários anos, freqüentar uma faculdade e, mais tarde, reingressar no mercado de trabalho, afirmou. As chances de que vivam mais pode atingir a disposição das pessoas para correr riscos como ingressar nas Forças Armadas ou praticar esportes radicais, disse o cientista.

"O risco longevidade" ¿ a possibilidade de que as pessoas vivam mais do que prevêem os especialistas ¿ é um assunto comum no setor previdenciário porque esse risco é tido como algo difícil de ser planejado. Os fundos de pensão de empresas passaram a recorrer a ferramentas modernas como os fundos de hegde. Mas enfrentar um risco como o representado por uma expectativa de vida mais longa mostrou-se um duro desafio para esses fundos.

Esse risco foi descrito como a "próxima grande fronteira para os mercados financeiros" por Andrew Cairns, da Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, em um discurso proferido no ano passado. As pessoas também subestimam o quanto vão viver, aumentando o perigo de que não guardem dinheiro suficiente para sua aposentadoria, segundo um estudo recente da Universidade de Nottingham.

Alguns pesquisadores afirmam, porém, que a tendência de uma expectativa de vida mais longa pode não se verificar em vista dos altos níveis de obesidade em alguns países. Cientistas da Universidade de Illinois, no Estado de Chicago, EUA, defendem que, dentro de 50 anos, a obesidade terá encolhido a média de vida dos norte-americanos, dos atuais 77,6 anos, em cerca de dois a cinco anos, pelo menos.




Fonte: Reuters

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