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Nacional
Quinta - 03 de Agosto de 2006 às 02:55

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O terceiro-sargento da Marinha Emerson Reinaldo Viana, 32 anos, foi indiciado ontem como principal suspeito do seqüestro e assassinato da ex-mulher, a professora e coordenadora pedagógica Lia Gomes da Silva, 26. Policiais da 64ª DP (Vilar dos Teles) abordaram o militar ainda no Cemitério Jardim da Saudade, em Edson Passos (RJ), logo após o enterro da professora.

Emerson, que era o segundo marido da vítima, confirmou, em depoimento na delegacia, que teve um relacionamento turbulento e conflituoso de três anos e meio com Lia. "Discutíamos como qualquer outro casal. Mas estávamos voltando e passamos o último fim de semana juntos", declarou o acusado.

Ligação para celular Lia Gomes foi seqüestrada por dois homens em um Kadett na manhã de terça-feira, quando ia para o trabalho em Vilar dos Teles, São João de Meriti, e assassinada em uma estrada do bairro Vila Coimbra, em Queimados, na Baixada Fluminense. Momentos antes do crime, Emerson ligou para o celular da professora. Mas, segundo contou à polícia, foi só para fazer uma declaração de amor.

"Liguei para ela às 3h30 e apenas disse que a amava muito", disse. A polícia pediu a quebra do sigilo telefônico do militar para descobrir o teor da última conversa entre os dois.

Em mais de cinco horas de depoimento, Emerson negou ter executado ou encomendado o crime. Após apresentar a sua versão aos investigadores do Núcleo de Homicídios da delegacia, Emerson foi levado à noite sob escolta militar para a Base de Abastecimento da Marinha, na avenida Brasil, na capital flumiense, onde é lotado. Ele ficará detido até o fim das investigações.

Ontem, a polícia também ouviu três parentes da vítima, entre os quais o irmão de Léa, Isac Gomes da Silva. Segundo testemunhas, ele teria discutido várias vezes com o ex-cunhado durante o relacionamento do casal.

Em depoimentos marcados para hoje e amanhã, a polícia tentará descobrir o motivo do crime. Uma das versões é que Lia estaria iniciando um novo namoro, o que teria provocado ciúmes no militar. O chefe do Setor de Investigações da 64ª DP, Joel Nobre, aguarda o depoimento de uma amiga próxima de Léa para que ela confirme a versão e dê detalhes sobre o relacionamento.

Flores, choro e juras de amor Durante todo o tempo em que esteve no enterro da ex-mulher, no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, Emerson Viana foi vigiado por policiais da 64ª DP. Ele chorou sobre o caixão e colocou um buquê de flores, antes de se despedir da professora e confessar seu amor pela última vez. "Disse a ela que onde quer que ela estivesse, eu continuaria a amá-la", lembrou o militar.

Os policiais se infiltraram entre as 200 pessoas que compareceram ao enterro. Além de prender o acusado, eles também queriam evitar que ele fosse agredido por amigos e parentes de Lia, que já suspeitavam dele. Numa abordagem rápida, ainda no pátio do cemitério, policiais impediram Emerson de entrar no carro e pediram que ele os acompanhasse até a delegacia.

"Foi uma forma de preservar a vida dele. Pelo clamor público, poderiam tentar matá-lo", disse o policial Joel Nobre. Emerson confirmou que sentiu um clima hostil durante o enterro da ex-mulher. "Percebi que havia algo muito estranho entre os amigos e a família da Lia", disse o militar.

Crises e conflitos desde início do casamento Lia Gomes da Silva ainda era casada quando conheceu Emerson Reinaldo Viana, seu segundo marido. Seu divórcio foi concedido pelo primeiro marido de maneira amigável. Depois de um breve período de namoro tranqüilo com Emerson, começaram as crises e os conflitos.

"Eles tinham algumas brigas, mas demonstravam que estavam apaixonados", disse um amigo de Emerson, que preferiu não se identificar. Emerson disse que queria oficializar o casamento com a professora, mas seu divórcio ainda estaria tramitando na Justiça.

Na última briga do casal, no fim do ano passado, Emerson teria quebrado um quadro com a foto da filha, de dois anos. Depois da separação, em janeiro, Emerson passou a visitar a menina com freqüência. Lia havia entrado com pedido de pensão alimentícia na Justiça.




Fonte: O Dia

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