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Economia
Sexta - 21 de Julho de 2006 às 05:25

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Cerca de 60 mil cabeças de gado de corte engordam e emagrecem nas pastagens de Eldorado e região, no extremo sul do Mato Grosso do Sul, sem que os produtores consigam vendê-las. É um gado saudável, mas estigmatizado pela febre aftosa que, em outubro do ano passado, atingiu a região.

Por causa das exigências dos órgãos sanitários, os frigoríficos locais não se interessam por esse rebanho. "Preferem buscar bois em outras cidades, mesmo com o alto custo do frete", diz o vice-presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, Márcio Margatto. Além de Eldorado, os municípios de Iguatemi e Mundo Novo compõem a área restrita para o gado.

Quando surgiram os primeiros casos de febre aftosa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) interditou todas as propriedades num raio de 25 km dos focos. Cerca de 34 mil animais foram sacrificados. Os sítios e fazendas onde surgiram animais com sintomas receberam "sentinelas" - bezerros não vacinados e suscetíveis à doença.

Em março deste ano, o Ministério editou portaria liberando a comercialização do gado, mas com restrições que tornam impraticáveis os negócios, segundo Margatto. "A portaria exige, entre outras coisas, que o gado seja abatido em frigoríficos da região e que o couro e os miúdos recebam um tratamento especial.

" O couro, segundo ele, deve ser tratado com sal e bicarbonato de sódio e só pode sair do frigorífico após 28 dias. "Já para o tratamento dos miúdos, como fígado, coração, rim e língua, o custo é tão alto que o frigorífico prefere mandar tudo para a graxaria." A carne só pode sair desossada e para comercialização interna.

Em razão dessas exigências, os frigoríficos vão buscar o gado longe dali. "Quando algum criador insiste em vender, eles oferecem R$ 33,00 a arroba, que vale R$ 41,00." Sem contar com a receita do gado, os criadores estão se endividando e vendendo bens. "Muitos penhoraram tratores e veículos para bancar o trato do gado.

" A situação se agrava agora, segundo ele, quando o inverno reduz o pasto. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) negocia com o Ministério a edição de uma nova portaria que reduza as exigências.

"Nossa proposta é que o caminhão seja lacrado na fazenda e deslacrado no frigorífico, com a verificação das condições sanitárias", disse o presidente João de Almeida Sampaio.

Segundo ele, a situação dos pecuaristas é de calamidade. "O gado engordou, vai emagrecer de novo e o criador não vê receita."Dos três frigoríficos instalados na região, dois retomaram parcialmente as atividades, mas só estão abatendo gado de fora.

Para Sampaio, o criador que teve o gado sacrificado e recebeu R$ 53,00 de indenização por arroba ficou em situação até melhor do que os demais, que agora não podem dispor livremente do rebanho. "O gado corre o risco de perecer no pasto."

A Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério informou que as medidas previstas na instrução normativa baixada em março são necessárias para garantir ao Estado a retomada do status sanitário e a recuperação dos mercados importadores.

Segundo o órgão, deve sair em 90 dias o resultado da visita realizada pelos técnicos da União Européia no Mato Grosso do Sul para verificar as medidas de controle e erradicação da doença. A expectativa é de que parte dos 56 países que impuseram embargos à carne oriunda do Estado comecem a suspender as restrições neste ano.




Fonte: AE

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