Fugitivos de conflito no Líbano chegam ao Brasil e contam seus dramas
Enquanto a aeronave era abastecida, alguns passageiros aguardaram num dos portões de embarque, onde conversaram com a imprensa. O comerciante de Santa Catarina Zouhair Haidar, que voltou com a esposa e dois filhos, afirmou que essa foi a pior experiência que teve. "O bombardeio aconteceu a 500 metros do meu apartamento, que era próximo ao aeroporto. Estourou o vidro, houve muita poeira. Os viadutos foram os primeiros alvos", disse. "Quando começou o bombardeio, fomos para as montanhas, a 10 quilômetros de onde eu morava. Os preços de tudo dobraram, ficaram uma loucura, começou a faltar pão, alimentos, tudo".
A comerciante Joheina Mankara, que é casada com um libanês e foi passar férias no Líbano com duas filhas adolescentes, Tamara e Aline, contou que viveu momentos de tensão e pânico. “Quando começou o bombardeio eu estava arrumando as malas para vir embora. Nossa família tomou um susto. Recebi um telefonema de funcionários do Itamaraty dizendo que precisávamos viajar o mais rápido possível para Beirute, pegar um ônibus até a Síria e depois ir para a Turquia, onde um avião da FAB traria passageiros de volta para casa”.
O comandante da aeronave da FAB, Salvini Krieger, disse que "esse vôo serve para mostrar a capacidade da Força Aérea de operar em qualquer parte do mundo. É um vôo de muito orgulho para nós".
A região passa por uma escalada de violência desde que Israel, sob pretexto de se defender de ações do movimento libanês Hizbollah, iniciou ataques ao sul do Líbano e à capital, Beirute. O Hizbollah também tem lançado mísseis contra Israel. O número de civis mortos já passa de 200, segundo agências internacionais, a grande maioria em território libanês - inclusive quatro brasileiros. "Quando eles pararem de lançar mísseis e libertarem os soldados seqüestrados, Israel terminará as ações no Líbano", disse a embaixadora israelense no Brasil, Tzipora Riomon.
O governo brasileiro divulgou nota lamentando a incursão de Israel no sul do Líbano e o ataque a instalações locais. Na nota, “reitera sua oposição a atos desproporcionais de represália que possam contribuir para deteriorar ainda mais o já delicado quadro político e humanitário regional".
Segundo o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Argemiro Procópio, o envolvimento de outras partes no conflito poderia até mesmo trazer conseqüencias para o Brasil. "Digamos que o Irã entre no conflito, para onde vai o preço do petróleo?", questiona. De acordo com a agência Lusa, o exército israelense disse que mísseis lançados pelo Hizbollah seriam de fabricação iraniana.
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