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Internacional
Sexta - 30 de Junho de 2006 às 17:00

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Os mexicanos terão de escolher no domingo para seu novo presidente entre um candidato de direita que lhes garante uma estabilidade econômica e um esquerdista da oposição que pretende priorizar à enorme massa de pobres do país.

O cenário das eleições, nas quais também será renovado o Congresso e alguns governos estaduais, é totalmente diferente do pleito de 2000.

Há seis anos, os mexicanos decidiram acabar com a hegemonia de sete décadas do Partido Revolucionário Institucional (PRI) e deram a vitória ao conservador Vicente Fox.

Mas, depois da decepção de muitos com Fox, que não conseguiu cumprir a ambiciosa promessa eleitoral de criar 1 milhão de empregos por ano, o México pode dar uma virada para a esquerda, seguindo a tendências de outros países latino-americanos, como Brasil, Venezuela, Bolívia e Uruguai.

O candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, chega às eleições com uma pequena vantagem nas pesquisas sobre o candidato governista, Felipe Calderón. As últimas pesquisas eleitorais foram divulgadas há uma semana.

Em terceiro lugar está o candidato do PRI, Roberto Madrazo.

A lei mexicana determina que a campanha seja encerrada na quarta-feira antes das eleições. Na mídia, a única referência ao pleito era o órgão responsável pelas eleições pedindo aos eleitores que compareçam às urnas no domingo. Os índices de abstenção têm girado em torno dos 40 por cento no país.

Cerca de 71 milhões de mexicanos estão habilitados para votar. O voto não é obrigatório no México, e é proibida a reeleição do presidente e dos parlamentares.

Na expectativa do pleito, a bolsa estava em alta e o peso mexicano estava na menor cotação em quase um mês, demonstrando uma relativa calma entre os investidores com a possível vitória do candidato da esquerda.

Para o analista Pedro de la Cruz, professor de Ciência Política da Unam (Universidade Nacional Autônoma do México), o ponto central, mais que a definição entre esquerda e direita, é saber se o novo presidente terá a liderança que faltou a Fox para solucionar os problemas do país, cujo Congresso continuará dividido entre três grandes forças.

"Estamos falando de que tipo de liderança o país precisa, se vai tratar dos problemas e se vai ser eficaz na hora da operação política", afirmou ele à Reuters.

As reformas tributária e energética, entre outras, acabaram não sendo realizadas, segundo especialistas, devido à incapacidade de Fox de negociar com o Congresso, em que seu partido, o PAN, compõe a segunda maior força.

Para observadores, o resultado das eleições dependerá bastante do fato de como os mexicanos encaram López Obrador: se mais próximo do estilo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, ou mais parecido com a esquerda moderada representada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou pela presidente do Chile, Michelle Bachelet.

López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México que se popularizou com planos de assistência aos setores mais desprotegidos da capital, é adorado pelos pobres, mas causa preocupação nas classes média e alta, que o vêem como um populista que poderia desestabilizar a economia.

Calderón, ex-ministro da Energia de Fox e preferido dos mercados, aproveitou-se dessa preocupação e prometeu os empregos que o atual presidente não conseguiu gerar. Também acusou o adversário de representar uma volta aos gastos governamentais excessivos e à época das crises econômicas.

"Vamos escolher entre quem representa a crise econômica e quem representa a estabilidade econômica", disse Calderón recentemente.

Calderón comparou López Obrador a Chávez durante toda a campanha, mas o ex-prefeito disse não conhecer o mandatário venezuelano, e que se inspira em ex-presidentes e heróis das revoluções mexicanas.

Seu partido, o PRD, não faz parte da esquerda tradicional latino-americana. Trata-se de um partido jovem, que nasceu em 1989, em parte formado por dissidentes do PRI.





Fonte: Reuters

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