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Politica Brasil
Segunda - 19 de Junho de 2006 às 14:16
Por: Wellington Medeiros

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Começa hoje a Semana Nacional Antidrogas, cujo ponto alto ocorrerá na próxima segunda-feira, dia 26, dedicado no mundo inteiro à Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas. Coincidentemente, as segundas-feiras são os dias em que se tornam mais visíveis os problemas causados pelas drogas, aí incluindo o álcool, considerado uma droga lícita.

Além do absenteísmo registrado nas empresas e repartições públicas, outra prova são os noticiários do meio dia nas televisões onde lá estão desfilando os dramas dos finais de semana. São pessoas de todas as idades, a maioria jovens, envolvidos de uma forma ou de outra em ocorrências que muitas das vezes vão terminar nas delegacias policiais ou hospitais da rede pública.

O repórter J. Gomes, cujo estilo próprio deixou marcas no rádio e televisão locais, costumava usar uma frase que, para ele, traduzia bem o significado de droga: "Se droga fosse uma coisa boa não tinha o nome que tem. Droga". Foi assim que encerrou muitas reportagens, freqüentemente ilustradas pela exposição de drogas e armas, tendo ao fundo os distintivos das respectivas forças policiais, responsáveis pela apreensão. Certamente, a quase totalidade das pessoas envolvidas, de origem pobre, mostrando que são as maiores vítimas dos grandes traficantes, muitos deles morando em mansões com muro alto, filmadoras, cães de guarda e segurança armada.

Durante esta semana o tema estará em debate. Uns analisando o uso, outros preferindo o combate ao tráfico, mas tudo convergindo para a necessidade cada vez maior de estratégias que vão desde a repressão - aí incluindo um outro combate que é à corrupção policial - a prevenção, como defende o juiz José Dantas, da Vara da Infância e da Juventude e recuperação dos dependentes, cujo pioneiro no Estado é o professor Joaquim Elói, da Universidade Federal. No Rio Grande do Norte, entre outras ações, existe o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, gerenciado e administrado pela Polícia Militar em várias escolas e que neste sábado encerrou, festivamente, no Palácio dos Esportes, mais um curso com cerca de três mil jovens.

Já foi dito que a primeira questão que o governo precisa descobrir para obter sucesso no combate ao uso e ao tráfico de drogas, é saber quem é causa e quem é consequência. Ou seja: Usa-se drogas porque elas estão à venda? ... Ou vende-se drogas porque existe a procura?...Li esse trecho do livro "Acorda Brasil" e acho que ele contribui para o debate de quem busca respostas para a questão das drogas. Trata-se de questão polêmica e de difícil consenso:

Imagine um jovem pobre, com pouca instrução, morador de favela, sem perspectiva de bom emprego e que eventualmente passe necessidades. Imagine outro jovem, porém rico, morador de bairro chique e que normalmente tem tudo o que deseja. Aconteceu de um deles se transformar em traficante e do outro se transformar em viciado.

Considerando as características brasileiras qual dos dois se tornou o traficante?

Parece elementar que foi o jovem que mais precisava de dinheiro, o jovem pobre da favela. Parece compreensível também que o jovem rico tenha se inclinado por prazeres alucinantes, uma vez que já tinha de tudo e que poderia estar enfadado dos prazeres comuns. A grande questão é saber quem induz a quem a se envolver com as drogas. Será que foi o jovem pobre e de pouca educação que convenceu o jovem rico, ou seja que foi o jovem rico e de muita educação que convenceu o jovem pobre? Outra questão: Considerando a realidade brasileira, que tipo de influência um traficante de favela poderia exercer sobre famosas atrizes, cantores e personalidades artísticas em geral, levando-os ao vício e a dependência? Seria, amostra grátis? ... Quem realmente procura quem?...

Se a dependência química é uma necessidade incontrolável e, por isso, merece compreensão, então o que merece a dependência de alimento dos favelados? É verdade que um viciado sem drogas sente dores, mas um faminto sem alimentos sente a morte. A qual dos dois devemos compreender por se envolver com drogas?... Ao que vende para se alimentar ou ao que consome, irresponsavelmente, para deliciar a si mesmo? É importante lembrar que a população pobre da favela não dispõe de muitas alternativas para se sustentar. Se sujeita a míseros trabalhos, lícitos ou ilícitos, que a população de posses lhes oferece ou lhes encomenda.

Assim, muitas vezes o traficante é tido como o único culpado, embora não existissem sem os consumidores, muitas vezes tratados como "coitadinhos". Podem até eventualmente ser vítimas, mas na maioria das vezes eles são a causa da existência e do comércio de drogas. Se eles não consumissem, pagando altos preços, não existiria droga nenhuma sendo fabricada ou comercializada. Nem o crime organizado em torno do tráfico, com direito a advogados como Cecília Machado, que defendeu Fernandinho Beira Mar, cunhando frase como esta que encontrei numa revista: "Ele não bebe, não fuma e não se droga. É um homem de palavra e me paga sempre em dia". Tem juízo, mas só age para tirar o dos outros.





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