Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Educação/Vestibular
Segunda - 05 de Junho de 2006 às 10:20
Por: Luis Acosta

    Imprimir


O Governo do Estado promove amanhã, terça-feira, a partir das 9h, no Hotel Fazenda Mato Grosso, a Colação de Grau Unificada da primeira turma de professores índios da América do Sul. 187 indígenas de 36 etnias e de 26 línguas diferentes receberão licenciamento em Ciências Matemáticas e da Natureza, Ciências Sociais e Línguas, Artes e Literatura.

O projeto de Terceiro Grau Indígena começou a ser desenvolvido em 2001 e foi encampado pelo governo Blairo Maggi, que criou uma parceria entre a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), secretarias de Estado de Educação, Ciências e Tecnologia, Fundação Nacional do Índio –Funai e Prefeitura Municipal de Barra do Bugres para sua aplicação. O objetivo é garantir a formação dos professores índios com o princípio da liberdade e respeito às suas diferenças, como prevê a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB), e que possam estar atuando diretamente nas aldeias.

De acordo com o coordenador do projeto, professor Elias Januário, o Terceiro Grau Indígena é uma reivindicação dos próprios povos indígenas, que só tinham acesso até o magistério, através do Projeto Tucum, iniciado em 1997 e extinto em 2000. “Com a conclusão do magistério, os professores indígenas só podiam dar aulas no Ensino Fundamental, o que fazia com que muitos deles, depois de formados, perdessem o interesse de retornar às suas aldeias para dar aula e a educação ficava a cargo de professores não índios. Agora, a situação é diferente, os não índios serão substituídos pelos novos licenciados, que além de repassar o aprendizado vão ajudar a preservar sua cultura e tradições”.

Para levar adiante essa proposta, o Governo do Estado criou uma comissão interinstitucional e paritária, formada metade por índios e metade por não índios. A partir daí, começou a se pensar numa forma de levar os índios para a universidade sem que houvesse qualquer tipo de problema de discriminação e com um modelo de educação que evitasse a imposição de valores que viessem a interferir na cultura dos formandos. “Nossa maior preocupação era fazer com que eles aprendessem novos modelos pedagógicos e novas culturas sem perder seus valores étnico-culturais”, justifica Elias Januário.

Outro eixo da proposta, segundo o coordenador é a interculturalidade, que consiste em juntar num mesmo ambiente as definições científicas que conhecemos sobre os diversos aspectos da educação, porém, respeitando as teorias dos indígenas, repassadas de pai para filho ao longo do tempo, em sala de aula. “Ao fazer isso, o Governo do Estado deu a eles o direito de exercer sua cidadania e de colocar em prática tudo aquilo que é de direito próprio do índio e de buscarem novas perspectivas de vida”, afirma Januário.

Uma nova turma de 100 alunos índios começou o Terceiro Grau no ano passado e tem colação de grau prevista para 2009. Outros 50 alunos ingressam na universidade no ano que vem, informa o coordenador do curso.





Fonte: Redação/Secom-MT

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/296696/visualizar/