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Politica Brasil
Terça - 30 de Maio de 2006 às 08:14

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O ex-deputado Roberto Jefferson fez um balanço positivo do resultado das denúncias dele de há um ano, que resultaram na formação de CPIs e na cassação de alguns deputados, inclusive da sua, e disse que o presidente Lula esteve perto de ser cassado. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ele opinou sobre a decisão do Congresso que inocentou até agora 11 deputados.

"A cassação através do voto popular é a mais justa", frisou. Demonstrando certa amargura, ele afirmou que houve um acordo entre o governo e a oposição para evitar as cassações. E voltou a preservar o presidente Lula, que, segundo ele, conseguiu se "descolar do PT".

Porém, demonstrando certa contradição, Jefferson afirmou que o presidente esteve muito perto de ser cassado. "Eu creio sinceramente que o presidente Lula não participou desse esquema do PT. Era uma coisa mais do José Dirceu, Antônio Palocci, Luiz Gushiken, José Genoino, Silvinho Pereira e do Delúbio Soares. E ele se surpreendeu realmente com isso", sustentou Jefferson sobre a participação do presidente Lula no esquema de cooptação de deputados.

"Eu não mantive com o presidente nenhum diálogo que pudesse me permitir nenhuma acusação contra ele". Referindo-se às últimas pesquisas eleitorais para a Presidência da República disse que "o povo percebeu que o presidente Lula foi traído pelo PT e se descolou muito do PT".

Mas não poupou o presidente de críticas indiretas. "A meu ver, o presidente peca por omissão. O núcleo duro dele está todo envolvido em irregularidade de financiamento partidário", alfinetou. "Ele não gosta de administrar, é mais assim um chefe de Estado."

Ao ser perguntado se acreditava que o presidente Lula não soubesse em que consistia a negociação que manteve com José Dirceu para indicar uma diretoria de Furnas, Roberto Jefferson descreveu uma conversa que teria mantido com o presidente.

"Numa conversa dessas com o José Dirceu, eu e ele, o presidente Lula é que pediu para que o PTB indicasse um nome para tirar o Dimas. Eu disse: Presidente, existe um acordo entre o PTB e o PT, nós vamos acertar o financiamento do PTB e do PT dando a diretoria de Furnas e ele vai montar uma estrutura de financiamento dos dois partidos", contou Jefferson.

E o presidente: "Mas que acordo é esse?", relatou o ex-deputado. "A impressão que eu tive na conversa de Furnas é que jogaram bola nas costas do presidente."

Oportunidade perdida Conhecido como homem-bomba pelas denúncias que apresentou, Jefferson disse que a oposição perdeu a oportunidade de pedir o impeachment do presidente Lula. "Foi na hora em que o Duda Mendonça chegou à CPI e confessou que recebeu a campanha do presidente Lula com contas em paraíso fiscal fora do Brasil", recordou. "Se entra o impeachment, passava e até com o apoio da opinião pública, no ato de rendição do PT naquela revelação muito forte", prosseguiu.

"Mas todo mundo começou a dizer para deixar ele (o presidente) sangrando até as eleições", rememorou. "E passou o momento do impeachment, não tem mais condições de ser feito." Embora reconheça que com as novas regras a campanha deva ficar mais barata este ano, Roberto Jefferson garantiu que o caixa dois deverá continuar firme e forte.

"A mobilização é feita muito no caixa dois. E não há nenhuma regra que impeça", ponderou o ex-deputado. "Pelo que eu estou vendo, as coisas deverão se repetir, não tão abusivamente como no passado, mas vão se repetir." Na opinião do deputado cassado, haverá uma tendência da população em não votar nos nomes marcados pelas investigações do mensalão.

"(Os deputados absolvidos) terão muita dificuldade para se reeleger." Roberto Jefferson voltou à carga contra o também ex-deputado José Dirceu, que, segundo ele, era o verdadeiro comandante do partido. "O José Genoino era o presidente de honra do partido", ironizou. "O fechamento (das negociações) sempre foi na Casa Civil do José Dirceu. Com o Genoino não valia. Ficava assim mais ou menos apalavrado até que o José Dirceu batesse o martelo na Casa Civil. Aí valia", lembrou.

Ao ser indagado por que Lula manteve Luiz Gushiken apesar das denúncias, Jefferson foi ácido: "O Palácio do Planalto recolhe feridos", disse. "Aquele grupo mais ligado a ele do núcleo duro - Gushiken, José Dirceu e Antônio Palocci - continua com a proteção do presidente". Ele também acusou o PT de ter aparelhado o governo.

Desserviço "As instituições de Estado ficaram muito politizadas pelo PT. A Câmara dos Deputados, muito subalterna do Poder Executivo e o Supremo também", opinou o ex-deputado referindo-se às sete indicações de ministros do STF pelo presidente. "O PT prestou um grande desserviço ao Brasil. Nunca aquela casa foi tão corrompida como foi agora pelo PT."

Para Jefferson, as instituições democráticas ficaram muito fragilizadas aos olhos da opinião pública. Ele disse que o PT contou com a benevolência de parte da imprensa, que teria simpatia pelo partido. "O PT contou com a impunidade ideológica, com a cumplicidade de certo grupo da imprensa que era petista e que protegia o PT." Sanguessuga

Segundo ele, até mesmo o escândalo da venda superfaturada de ambulâncias teria sido armada por petistas para fragilizar os demais partidos da base governista. "O PT jogou essa casca de banana lá atrás para explodir isso agora", acusou. Para provar, ele pediu que seja instalada uma CPI para investigar a atuação do Ministério da Saúde no episódio.

"Quem mais desmoralizou o Congresso Nacional foi o PT com essa atitude de comprar deputados, de comprar partidos desde o início do governo Lula". E vaticinou: "A Polícia Federal foi montada politicamente para atingir os parlamentares".





Fonte: AE

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