Dívida de produtores agrícolas de Mato Grosso aumenta para R$ 6 bilhões

Mato Grosso concentra 20% da dívida rural de todo o país, de R$ 30 bilhões, com uma fatia de R$ 6 bilhões de endividamento. O montante foi acumulado desde a safra 2004/2005, com a discrepância entre o dólar a US$ 3,20 durante o plantio e a US$ 2,40 no momento da comercialização da produção. Diante do rombo e da dificuldade de acesso ao crédito para a próxima safra, lideranças rurais cobrarão na próxima quarta-feira (31) dos ministros da Agricultura, Fazenda, Planejamento e da Casa Civil medidas que efetivamente solucionem a crise do setor.

A dívida mato-grossense dobrou no período de 1 ano com o acúmulo de parcelas vencidas de financiamentos junto aos agentes financeiros oficiais e o não pagamento de dívidas junto a fornecedores da iniciativa privada. A estimativa do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Homero Pereira, é que pelo menos R$ 4 bilhões do bolo de R$ 6 bilhões são oriundos de dívidas junto a tradings, fornecedoras de insumos, indústrias de maquinário e bancos privados.

Os R$ 2 bilhões restantes são referentes a parcelas de financiamento vencidas junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fatia de um terço da dívida rural regional também é encorpada pela inadimplência na Securitização, Pesa e Recoop. A Famato não dispõe do volume da inadimplência em cada um desses programas.

A reunião com os ministros será articulada pela Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara. Os produtores cobram explicações sobre a operacionalização na prática das medidas anunciadas pelo governo federal na quinta-feira (25) e datas de quando efetivamente os mecanismos poderão ser acessados. O novo e sexto pacote de apoio lançado pelo governo foi apelidado de "embrulho" pelos agricultores por não conter medidas estruturais sólidas, especialmente mudanças na política macroeconômica e cambial.

A reunião na Câmara está marcada para as 10h. Foram convidados os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo, e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.