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Meio Ambiente
Terça - 23 de Maio de 2006 às 16:10
Por: Raquel Teixeira

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Um projeto que já promove mudanças de conceitos e comportamento quanto à gestão de resíduos sólidos no município de Tangará da Serra foi uma das experiências mostradas na abertura dos debates do 1º Seminário Estadual de Resíduos Sólidos, discussão paralela ao 8º Congresso e Exposição sobre Florestas – Forest 2006, que acontece em Cuiabá. No seminário estão reunidos estudantes, trabalhadores de cooperativas de reciclagem, organizações não-governamentais e dirigentes públicos de órgãos ambientais.

A formação de um aterro sanitário e a coleta seletiva promovida na cidade teve início com a divulgação da importância da seleção e reciclagem de lixo. O trabalho desenvolvido pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) já atinge sete bairros da cidade e alguns pontos do centro de Tangará da Serra, que é um dos quatro municípios mato-grossenses que possuem um aterro sanitário.

Conforme o diretor do Samae e engenheiro sanitarista, Jeferson Lima, a educação ambiental começou nas escolas por meio de atividades lúdicas com a intenção de tornar os estudantes multiplicadores na correta seleção de lixo doméstico.

“O nosso trabalho é incentivar os cidadãos para a conscientização e a educação ambiental em primeiro lugar e depois para o correto acondicionamento do lixo. É um trabalho gradativo e estruturado, que deve ser feito aos poucos, até que a gente consiga atingir toda a cidade”, explicou o engenheiro.

O trabalho no Samae começou pela recuperação de um dos caminhões que faz a coleta de lixo, com instalação de divisórias para o acondicionamento e a distribuição de sacos plásticos nas residências.

No aterro sanitário, totalmente impermeabilizado, o trabalho de seleção do lixo é feito por uma cooperativa de 26 trabalhadores que reciclam todo material. “Sem conquistar a participação comunitária, a coleta seletiva de lixo e a reciclagem desse material não pode ir adiante”, destacou Jeferson.

Em Cuiabá, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Smades) e de Infra-estrutura está implantando o Centro de Educação Ambiental para estender aos bairros os ecopontos , onde serão desenvolvidas as ações de coleta e seleção do lixo. Apenas 30% do lixo recolhido na Capital são processados e reciclados pelos cem catadores de lixo que trabalham na usina de triagem.

"Ainda temos muito o que alcançar, pois o trabalho de educação ambiental ainda é feito de forma bastante pulverizada e para alcançar melhores resultados deve ser um processo contínuo", afirmou o coordenador de Educação Ambiental da Smades, Abel Nascimento.

Reciclagem

O gerenciamento correto de resíduos sólidos no Brasil tem conquistado avanços importantes. Um dos números que atesta esse crescimento positivo é que de 99 a 2002 a reciclagem de papéis duplicou no País e a coleta seletiva de lixo já é desenvolvida em 237 municípios. A reciclagem de papel ondular (papelão) já atinge 77,3%, mais do que o número registrado nos Estados Unidos, por exemplo. Entre os anos de 1980 e 2002 o uso de papel reciclado cresceu de 30% para 43,9%.

Além das inúmeras alternativas e destino dados aos materiais originados do lixo, o aterro sanitário produz também a geração de bioenergia a partir do gás metano, da decomposição do lixo. Um exemplo desse processo é a Usina Bandeirantes, em São Paulo, onde o a geração de biogás resulta em energia capaz de abastecer uma cidade com até 200 mil habitantes.

Segundo o diretor do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), André Vilhena, a entidade está colaborando em um estudo no Estado, junto com a Sema para estender as atividades a diversos municípios promovendo a reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. O Cempre é uma organização não-governamental que atua em parceria com empresas como Natura, Unilever, Ambev, Pepsi, Coca-Cola, Sadia, Alcoa, Pão de Açúcar, no trabalho de reciclagem.

Em Cuiabá, as atividades do Cempre iniciaram com a parceria com a Aleris/Latasa na instalação do primeiro Centro de Capacitação em Reciclagem de Mato Grosso, para capacitação de trabalhadores em cooperativas e a multiplicação desses conhecimentos.

Alumínio

A Aleris é pioneira no País a implantar um sistema integrado de coleta de embalagens recicláveis no Brasil, em 1991 e começou com reciclagem de latinhas de alumínio, desde a coleta até sua transformação em alumínio puro, para servir para a confecção de novas latas de alumínio. São 14 filiais espalhadas em oito Estados, inclusive Mato Grosso, e duas fundições em Pindamonhangaba (SP), com capacidade anual de 90 mil toneladas de alumínio.

O Brasil é tetracampeão mundial de reciclagem de latas de alumínio, tendo atingido em 2004 a taxa de 95,6%, a maior do mundo incluindo aqueles países nos quais a reciclagem é obrigatória por lei, o que não é o caso do Brasil.

Segundo o coordenador de Gestão de Resíduos Sólidos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Eduardo Figueiredo Abreu, a adoção de medidas que possibilitem o ordenamento dos resíduos sólidos estão sendo discutidas e formatadas e constarão do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em cumprimento a lei que estabelece uma política pública para a questão.

A Sema vem desenvolvendo por meio da coordenadoria, ações voltadas para redução, aproveitamento e tratamento dos resíduos sólidos na alçada dos municípios e também, das empresas privadas. Outra estratégia da secretaria é a ação conjunta, por meio dos consórcios intermunicipais, para resolução de problemas comuns e diálogo junto aos governos.

Com a adoção de tais medidas estamos dando um passo significativo para planejamento da gestão dos resíduos sólidos urbanos, para reverter num médio prazo o quadro preocupante de predominância dos lixões, a utilização de tecnologias limpas e a assimilação maior da cultura da reciclagem e da coleta seletiva nos municípios mato-grossense”, analisou Eduardo.





Fonte: Da Assessoria

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