FOREST 2006 - Seminário apresenta alternativas à reciclagem e à criação de aterros sanitários
A formação de um aterro sanitário e a coleta seletiva promovida na cidade teve início com a divulgação da importância da seleção e reciclagem de lixo. O trabalho desenvolvido pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) já atinge sete bairros da cidade e alguns pontos do centro de Tangará da Serra, que é um dos quatro municípios mato-grossenses que possuem um aterro sanitário.
Conforme o diretor do Samae e engenheiro sanitarista, Jeferson Lima, a educação ambiental começou nas escolas por meio de atividades lúdicas com a intenção de tornar os estudantes multiplicadores na correta seleção de lixo doméstico.
“O nosso trabalho é incentivar os cidadãos para a conscientização e a educação ambiental em primeiro lugar e depois para o correto acondicionamento do lixo. É um trabalho gradativo e estruturado, que deve ser feito aos poucos, até que a gente consiga atingir toda a cidade”, explicou o engenheiro.
O trabalho no Samae começou pela recuperação de um dos caminhões que faz a coleta de lixo, com instalação de divisórias para o acondicionamento e a distribuição de sacos plásticos nas residências.
No aterro sanitário, totalmente impermeabilizado, o trabalho de seleção do lixo é feito por uma cooperativa de 26 trabalhadores que reciclam todo material. “Sem conquistar a participação comunitária, a coleta seletiva de lixo e a reciclagem desse material não pode ir adiante”, destacou Jeferson.
Em Cuiabá, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Smades) e de Infra-estrutura está implantando o Centro de Educação Ambiental para estender aos bairros os ecopontos , onde serão desenvolvidas as ações de coleta e seleção do lixo. Apenas 30% do lixo recolhido na Capital são processados e reciclados pelos cem catadores de lixo que trabalham na usina de triagem.
"Ainda temos muito o que alcançar, pois o trabalho de educação ambiental ainda é feito de forma bastante pulverizada e para alcançar melhores resultados deve ser um processo contínuo", afirmou o coordenador de Educação Ambiental da Smades, Abel Nascimento.
Reciclagem
O gerenciamento correto de resíduos sólidos no Brasil tem conquistado avanços importantes. Um dos números que atesta esse crescimento positivo é que de 99 a 2002 a reciclagem de papéis duplicou no País e a coleta seletiva de lixo já é desenvolvida em 237 municípios. A reciclagem de papel ondular (papelão) já atinge 77,3%, mais do que o número registrado nos Estados Unidos, por exemplo. Entre os anos de 1980 e 2002 o uso de papel reciclado cresceu de 30% para 43,9%.
Além das inúmeras alternativas e destino dados aos materiais originados do lixo, o aterro sanitário produz também a geração de bioenergia a partir do gás metano, da decomposição do lixo. Um exemplo desse processo é a Usina Bandeirantes, em São Paulo, onde o a geração de biogás resulta em energia capaz de abastecer uma cidade com até 200 mil habitantes.
Segundo o diretor do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), André Vilhena, a entidade está colaborando em um estudo no Estado, junto com a Sema para estender as atividades a diversos municípios promovendo a reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. O Cempre é uma organização não-governamental que atua em parceria com empresas como Natura, Unilever, Ambev, Pepsi, Coca-Cola, Sadia, Alcoa, Pão de Açúcar, no trabalho de reciclagem.
Em Cuiabá, as atividades do Cempre iniciaram com a parceria com a Aleris/Latasa na instalação do primeiro Centro de Capacitação em Reciclagem de Mato Grosso, para capacitação de trabalhadores em cooperativas e a multiplicação desses conhecimentos.
Alumínio
A Aleris é pioneira no País a implantar um sistema integrado de coleta de embalagens recicláveis no Brasil, em 1991 e começou com reciclagem de latinhas de alumínio, desde a coleta até sua transformação em alumínio puro, para servir para a confecção de novas latas de alumínio. São 14 filiais espalhadas em oito Estados, inclusive Mato Grosso, e duas fundições em Pindamonhangaba (SP), com capacidade anual de 90 mil toneladas de alumínio.
O Brasil é tetracampeão mundial de reciclagem de latas de alumínio, tendo atingido em 2004 a taxa de 95,6%, a maior do mundo incluindo aqueles países nos quais a reciclagem é obrigatória por lei, o que não é o caso do Brasil.
Segundo o coordenador de Gestão de Resíduos Sólidos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Eduardo Figueiredo Abreu, a adoção de medidas que possibilitem o ordenamento dos resíduos sólidos estão sendo discutidas e formatadas e constarão do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em cumprimento a lei que estabelece uma política pública para a questão.
A Sema vem desenvolvendo por meio da coordenadoria, ações voltadas para redução, aproveitamento e tratamento dos resíduos sólidos na alçada dos municípios e também, das empresas privadas. Outra estratégia da secretaria é a ação conjunta, por meio dos consórcios intermunicipais, para resolução de problemas comuns e diálogo junto aos governos.
Com a adoção de tais medidas estamos dando um passo significativo para planejamento da gestão dos resíduos sólidos urbanos, para reverter num médio prazo o quadro preocupante de predominância dos lixões, a utilização de tecnologias limpas e a assimilação maior da cultura da reciclagem e da coleta seletiva nos municípios mato-grossense”, analisou Eduardo.
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