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Politica Brasil
Terça - 23 de Maio de 2006 às 07:13
Por: Celso Bejarano Jr.

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O ex-cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho, 37 anos, pistoleiro assumido, foi condenado ontem a uma pena de 21 anos e seis meses por ser considerado um dos autores do assassinato de três rapazes que teriam roubado R$ 500 de uma banca do jogo do bicho. Agora, a soma das sentenças aplicadas contra o pistoleiro já alcançou 140 anos. O dono do jogo do bicho à época dos crimes, em maio de 2001, João Arcanjo Ribeiro, 55, que também será julgado pela chacina, é apontado como o mandante dos crimes. O julgamento ocorreu no fórum de Várzea Grande e durou cerca de dez horas.

A juíza Maria Erotides Kneip favoreceu o ex-cabo com o artigo 14 da lei 9.807, que reduz a pena do réu que contribui com a Justiça. Por sete votos a zero, o corpo de jurados entendeu que o ex-cabo matou um dos rapazes, recebeu promessa de recompensa pelo crime e ainda não deu oportunidade às vítimas de se defenderem.

Os jurados condenaram Hércules a 43 anos de prisão. Com o benefício da lei, a pena caiu pela metade. A delação premiada, quando o acusado se propõe a contar o que sabe sobre o crime, permite à Justiça reduzir em 1/3 ou 2/3 da condenação aplicada. A juíza Maria Erotides recorreu ao meio termo, diminuindo a sentença pela metade.

O promotor Mauro Curvo, que atuou na acusação, disse ontem, no final do julgamento, que ainda ia analisar a sentença. Ele achou válida a determinação da juíza. “Começamos a pavimentar o caminho para a justiça. Temos um pistoleiro condenado e o nome do mandante dos crimes”, disse Curvo, dando a entender que a sentença aplicada contra o ex-cabo deve fortalecer sua acusação contra o bicheiro João Arcanjo Ribeiro. Já o advogado de Hércules, Jorge Henrique Godoy, disse que vai recorrer.

O julgamento começou às 10 horas e a sentença foi lida pela juíza por volta das 20 horas. O defensor de Hércules usou a tese de que o seu cliente tinha sido “traído” pelo Ministério Público Estadual, por isso teria confessado os crimes dois anos atrás. O pistoleiro assumido mudou a versão, dizendo-se inocente durante o julgamento.

Hércules já havia prestado três depoimentos acerca do crime. Ele disse que havia matado os rapazes com a ajuda do ex-soldado Célio Alves, que está foragido, e de João Leite, ex-cobrador de uma das factorings de Arcanjo. Leite será julgado pelos crimes hoje.

Hércules foi condenado pelos assassinatos de Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges e Mauro Celso Ventura de Moraes. Eles foram abordados por Célio e Hércules, depois levados imobilizados para um matagal. Lá, foram executados com tiros na cabeça. Arcanjo tinha proposto pagar R$ 15 mil pelos crimes, mas não cumprira o prometido. Um dos rapazes mortos seria inocente e isso fez com que o bicheiro desse o calote.

Hércules comparado a Jesus Cristo

O advogado Jorge Godoy comparou o ex-cabo Hércules Araújo a Jesus Cristo, filho de Deus e figura máxima dos cristãos, ontem, em um trecho de sua defesa.

Godoy, que disse não receber nada para advogar pelo pistoleiro assumido, citou um trecho da Bíblia ao apelar pela absolvição. “Não julgue segundo a aparência, mas com a reta justiça”, dizeres que aparecem em João, capítulo 7, versículo 24. “Pense nisso gente [jurados], Jesus Cristo morreu numa cruz devido a um clamor”.

O advogado insistiu em dizer que o Ministério Público prometera redução de pena a Hércules e depois o abandonou. “Querem pegar Arcanjo [o bicheiro] e, para isso, precisam condenar o Hércules”, citou em seu defesa por diversas vezes.

Já o promotor Mauro Curvo deixou mostrar no final de sua fala a prova forte que incrimina Hércules Agostinho.

Ele indicou as páginas do processo onde aparecem os retratos falados de Hércules e Célio Alves, os executores do crime. Essa prova foi produzida bem antes da prisão de Hércules. O advogado tentou retrucar sustentando que a pessoa mostrada no retrato falado poderia ser “um sósia de Hércules”.





Fonte: Folha do Estado

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