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Politica Brasil
Terça - 16 de Maio de 2006 às 07:15
Por: Natacha Wogel

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A condução dos detentos do presídio Pascoal Ramos, João Arcanjo Ribeiro, João Leite e Hércules Agostinho, ao fórum de Várzea Grande, que acontecerá hoje, estará sob a atuação de todos os homens disponíveis do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, motivada pela periculosidade dos presos e pela expectativa em torno dos motins que podem acontecer nas penitenciárias do Estado, a exemplo de São Paulo.

Conforme o comandante do Bope, tenente-coronel Gilson Farid, todas as companhias que compõem o batalhão - Rotan, Graer e Coe - estarão à disposição do translado, da varredura do fórum e da manutenção da segurança durante as horas que os detentos estiverem fora do presídio para participação na audiência de inquirição das testemunhas de defesa e acusação no processo que apura a chacina de três jovens na cidade, em que Arcanjo é acusado de ser mandante.

Atiradores de elite, helicóptero da PM e pelos menos 10 viaturas devem ser empregadas na operação de hoje. “Essa será uma operação complicada, porque a preocupação aumentou pelo fato de serem três detentos perigosos e por causa dessa onda de motins em presídios que está acontecendo em São Paulo. Por isso, todo nosso efetivo disponível estará empregado nessa ação, que envolverá o translado, a varredura do local e a manutenção da segurança de todos no prédio”, avaliou Farid.

As oitivas, marcadas a partir das 8h30, envolverão a testemunha de acusação Guaracy Aventura de Moraes, cuja determinação da juíza que preside o processo, Maria Erotides Macêdo, foi para que seja conduzida coercitivamente por não ter comparecido à primeira audiência de depoimento das testemunhas de acusação, no dia 8 passado; e três das seis testemunhas de defesa arroladas: dois condenados pelo crime, Hércules Agostinho e João Leite, e o comerciante Geraldo Novaes, que vendia garapa na avenida dos Trabalhadores, próximo ao local onde as vítimas teriam assaltado uma banca do jogo do bicho e, por isso, teriam sido mortas. As demais testemunhas de defesa foram dispensadas pela juíza porque os endereços fornecidos para intimação não foram localizados pelo oficial de justiça.

BRANDÃO – O estrago ocorrido na fita enviada a Campinas (SP) para ser periciada, cujo diálogo gravado apontaria o suposto mandante do assassinato de Sávio Brandão, é indiferente para acusação no processo, bem como a mudança do depoimento de Hércules Agostinho, que teria dito não saber se foi Arcanjo o mandante do crime. Para o promotor de Justiça João Augusto Veras Gadelhas, o fato da defesa ter dispensado a oitiva da dona da voz que consta da fita, a empresária Ana Karine Ricce, demonstra a insignificância do fato.

“Na hora que a testemunha se propõe a falar, a dizer a verdade, a defesa diz que não quer ouvi-la mais, e como foi ele que arrolou a testemunha, é ele que tem que se manifestar sobre essa questão da fita. Para a acusação, não faz diferença nenhuma no processo, manter o depoimento ou não. Quanto ao que diz o Hércules, ele já foi condenado, é réu confesso. Para o processo, vale o que ele disse anteriormente, quando foi condenado. É uma hipótese que ele tenha sido ‘comprado’, mas isso é irrelevante, de modo que o Ministério Público não pedirá nenhuma investigação específica sobre isso”, comentou Gadelha.

A possibilidade de uma investigação da Polícia Civil sobre o suposto suborno que Hércules tenha sofrido por parte do acusado não pode ser desencadeada a não ser que por determinação da juíza que preside o processo, Maria Aparecida Fago, da 12ª Vara Criminal e Cuiabá. A informação foi repassada ontem pela assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Segurança, desmentindo haver alguma investigação sobre os R$ 100 mil que foram supostamente ofertados à família do condenado pela defesa de Arcanjo. A assessoria disse que, por não estar mais o caso na alçada da Polícia, e apenas da Justiça, uma investigação dependeria da determinação da magistrada, o que não ocorreu.





Fonte: Diário de Cuiabá

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