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Economia
Terça - 09 de Maio de 2006 às 17:10

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Agricultores já bloqueiam estradas de nove Estados - Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Paraná, Tocantins, Rondônia, Alagoas e São Paulo - em protesto contra o dólar baixo, alto preço do diesel e grande endividamento do setor. Os produtores estão barrando a passagem de caminhões carregados com grãos, combustíveis e insumos agrícolas. Empresas como a ADM, Cargill e Bunge continuam bloqueadas e muitas processadoras de grãos estão paradas.

Hoje, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, vai receber em Brasília representantes do movimento e deputados de Mato Grosso, para discutir as reivindicações dos produtores rurais.

"Vamos falar com ele pela milésima vez e apresentar nossa pauta de reivindicações", diz Gláuber Silveira, presidente da Comissão de Crédito da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) e um dos coordenadores do movimento.

No dia 16, governadores de 12 Estados serão recebidos pelo presidente Lula para discutir a crise no campo.

Em Mato Grosso, o problema de abastecimento de soja e derivados é crítico. Vários armazéns de soja e fábricas de processamentos estão parados. "As indústrias não têm o que processar", diz Gláuber Silveira.

O movimento começou no dia 18 de abril e foi batizado de Grito do Ipiranga, por causa da cidade onde se originou, Ipiranga do Norte. Eles reivindicam a renegociação das dívidas com juros mais baixos, redução da Cide, PIS e Cofins do óleo diesel, programa de combate à ferrugem asiática, alteração da política cambial, regulamentação do seguro agrícola e reforma da BR-163.

Segundo os agricultores, a renegociação das dívidas de R$ 15 bilhões com bancos oficiais, anunciada pelo governo, não resolve porque os juros são muito altos.

As manifestações estão se ampliando e já atingem os municípios de Rio Verde e Jataí, em Goiás, Rosário, na Bahia, Promissão, no interior de São Paulo, Maringá e Ponta Grossa, no Paraná, Porto Real do Colégio, na divisa de Alagoas com Sergipe e Vilhena, em Rondônia. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, são mais de 50 cidades paradas, com adesão das prefeituras.

A cidade de Rondonópolis, uma das principais vias de escoamento da safra de grãos do MT, voltou a ser bloqueada ontem. A fila chegou a 5 mil caminhões na semana passada.

Os produtores usam colheitadeiras para bloquear estradas e impedir a abertura de bancos e armazéns de grãos.

Os bloqueios das empresas ameaçam o cumprimento de contratos de exportação de soja do País. Os produtores estão barrando a saída de caminhões de soja de tradings como a Bunge, ADM e Cargill.

Na semana passada, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, afirmou que processadoras de soja de Mato Grosso, Bahia e Goiás suspenderam as atividades por causa da falta de abastecimento resultante dos bloqueios de agricultores.

Encontro

Produtores rurais de Alagoas bloquearam hoje pela manhã a ponte que fica na BR-101, em Porto Real do Colégio, na divisa com o Estado de Sergipe, a 168 quilômetros ao Sul de Maceió. O trânsito na rodovia federal está interditado e no final da manhã uma fila de carros já passava dos três quilômetros, no trecho entre os dois sentidos.

Representantes dos transportadores de cargas e dos agricultores reúnem-se hoje às 18 horas, em Brasília, para discutir uma pauta de reivindicações unificada com os ministros dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Com o protesto dos produtores de soja, cerca de 300 mil toneladas de soja deixam de ser transportadas diariamente apenas no Mato Grosso neste período da safra. Os dados são da Associação dos Transportadores de Cargas do Mato Grosso (ATC-MT). O prejuízo diário chega a R$ 12 milhões.





Fonte: Agência Estado

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