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Saúde
Segunda - 08 de Maio de 2006 às 08:15
Por: Sergio Edson

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Produtores rurais, prefeitos e deputados estaduais e federais de Mato Grosso terão amanhã (9), às 18 horas, em Brasília, audiência com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Também participarão do encontro representantes dos ministérios de Minas e Energia, Transportes e da Fazenda.

A comissão apresentará ao Governo Federal as reivindicações para a reestruturação do setor agrícola, como o ajuste da política cambial, adoção de preço mínimo para grãos e redução dos preços dos combustíveis.

Os produtores cobram também a pavimentação da BR 163 até Santarém (PA), adoção de um pacto de seis meses com os credores – inclusive os bancos – e o refinanciamento de dívidas provenientes de financiamentos que vençam até 31 de dezembro deste ano.

O prefeito de Ipiranga do Norte, Ilberto Effting, afirma que as reivindicações deverão se aprovadas pelo governo e aplicadas imediatamente. “O plantio e o desempenho da safra 2006/2007 dependerão dos resultados práticos adotados durante esta reunião”.

O prefeito de Ipiranga do Norte, onde as manifestações dos produtores rurais tiveram início no dia 17 de abril, defende a manutenção dos protestos caso o Governo Federal não atenda a pauta de reivindicação da classe.

“Eu acredito muito que a reunião de terça-feira apresentará resultados positivos. Caso contrário, as manifestações deverão prosseguir. Vamos lutar até ganhar.

O setor agrícola chegou ao fundo do poço e não pode continuar do jeito em que se encontra, com o produtor trabalhando no vermelho”, prevê Effting.

Os produtores também cobram medidas de curto prazo, como implementação do seguro rural, liberação de recursos para manutenção dos corredores de escoamento da produção, garantia de recursos para o crédito rural, conservação de estradas federais e estaduais e declaração da ferrugem asiática e da cigarrinha das pastagens como epidemia nacional.

Esta semana, 95% das prefeituras de Mato Grosso suspenderam o atendimento ao público em apoio às manifestações dos produtores rurais. Segundo a Associação Mato-grossense de Municípios (AMM), os municípios registram uma queda de 28%, em média, na arrecadação em conseqüência da crise no setor produtivo.

Pequenos municípios como Ipiranga do Norte, que dependem da agricultura, são os que mais sofrem com a crise no campo. Lojas e escritórios de empresas agrícolas já fecharam as portas.

No comércio, o movimento é cada vez menor.

“A crise econômica nas cidade é provocada pela falência da agricultura. É um círculo vicioso que afeta a todos. Sem dinheiro, o produtor não paga suas dívidas junto ao comércio, que não consegue pagar os salários dos funcionários, que não quitam as prestações no comércio e no supermercado e assim por diante”, explica Ilberto Effting.

Pelo menos 60 mil pessoas perderam seus empregos nas propriedades rurais, calculam a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) e a Associação Mato-grossense de Algodão (Ampa). Foram demitidos das propriedades rurais de soja aproximadamente 20 mil e de algodão 40 mil trabalhadores. Se incluídos os funcionários ao longo da cadeia produtiva, chamados de indiretos, os números podem ser multiplicados por dois. Mato Grosso fica distante dos principais portos, o que dificulta a logística. Além disso, o frete está encarecendo muito a produção, por causa do preço do diesel.

Para transportar soja de Mato Grosso para os portos gasta-se pelo menos metade da produção. Hoje, um frete do médio-norte de Mato Grosso para o Porto de Paranaguá (PR) custa R$ 180 a tonelada, que passa a valer no porto em torno de R$ 430.

Para Effting, o reajuste no preço mínimo da soja seria uma saída. Segundo ele, hoje o preço mínimo da saca de soja no mercado de Ipiranga do Norte oscila em torno de R$ 14. "É muito pouco. Esse preço deveria ser hoje de R$ 25, pelo menos”, ressalta. Outro problema é o preço do óleo diesel. “Nós sempre trabalhamos com uma relação na faixa de U$ 0,25 a US$ 0,30 o litro de óleo diesel. Hoje, nós estamos pagando mais de US$ 1 o litro, tanta para produzir quanto para transportar”, lamenta o prefeito de Ipiranga do Norte.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, prevê que o Brasil irá colher em 2007 a pior safra dos últimos cinco anos. Segundo ele, o endividamento e a descapitalização dos produtores rurais devem provocar a redução de 6 milhões de hectares na área plantada na próxima safra. Entre 2005 e 2007, a redução de área plantada deve chegar a 12 milhões de hectares. Ele participou do seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007.

Alerta no Campo Hoje (8), representantes de diversas categorias que participam do Movimento Alerta no Campo vão se reunir com os deputados federais da Comissão de Agricultura, Waldemir Moka (PMDB-MS), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Kátia Abreu (PFL-TO) e Ronaldo Caiado (PFL-GO). O objetivo do encontro é negociar com o governo e decidir as novas estratégias do movimento que atinge Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

No dia 16 de maio Brasília será invadida pelo segundo Tratoraço. Líderes do Movimento Alerta no Campo estarão esclarecendo à sociedade urbana que não se trata de uma crise apenas no setor rural. "É uma crise sistêmica que em curto prazo vai atingir a economia e outros setores", explica Caiado.





Fonte: Clichoje

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