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Internacional
Domingo - 07 de Maio de 2006 às 09:50

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O novo Governo de Ehud Olmert, que pretende despejar 70 mil colonos para definir a futura fronteira de Israel na Cisjordânia, se reuniu hoje pela primeira vez, horas após a violenta desocupação de um edifício ocupado por três famílias em Hebron. A evacuação foi ordenada pelo Tribunal Supremo de Justiça. Nesta madrugada, a ação foi marcada por violentos confrontos que terminaram com 19 feridos, entre agentes policiais que faziam o despejo e extremistas judeus que queriam impedi-lo.

O Governo de Olmert anunciou um plano, ainda não esquematizado, para evacuar dezenas de assentamentos judaicos estabelecidos na Cisjordânia ocupada desde a guerra de 1967. No entanto, sua primeira reunião hoje foi dedicada a debater o Orçamento Nacional para 2006, cuja aprovação está atrasada vários meses.

Olmert, herdeiro político do ex-primeiro-ministro Ariel Sharon, começou a sessão do Gabinete Nacional informando sobre a aquisição da empresa metalúrgica local Iscar pelo investidor americano Warren Buffett por US$ 4 bilhões. Esta é considerada a mais importante transação comercial da história de Israel.

Meses atrás, a evacuação do assentamento de Amona, iniciado sem autorização oficial, se caracterizou por enfrentamentos entre forças da ordem e israelenses nacionalistas radicais, como em Hebron. As reações mostram o que pode ocorrer quando Olmert puser em prática seu "plano da convergência".

O número de feridos em Amona, onde viviam 38 famílias de colonos, ficou em, pelo menos, 250, entre policiais, soldados e militantes da direita ultranacionalista.

Hoje, centenas de policiais mobilizados em Hebron, a Cidade dos Patriarcas Bíblicos, venerada por judeus e muçulmanos, evacuaram as três famílias de colonos judeus que estavam entrincheiradas em um edifício palestino ocupado ilegalmente.

Os policiais de fronteira precisaram remover obstáculos no edifício de três andares para chegar às famílias de colonos e despejá-las, de acordo com a ordem judicial.

O despejo das famílias, todas com crianças pequenas, aconteceu sem violência e não há informações sobre vítimas.

Os agentes policiais também precisaram evacuar um grupo de extremistas conhecidos como "jovens das colinas" que estava entrincheirado no prédio desde quinta-feira, quando o Tribunal Superior de Justiça expediu a ordem de despejo. Dezessete foram detidos por terem resistido a deixar o local.

Os colonos haviam se instalado no edifício, batizado "Beit Shapira" (A casa de Shapira), alegando inicialmente que o compraram.

Depois, que o haviam alugado. No entanto, os documentos apresentados eram falsos, de acordo com a sentença judicial.

As tentativas de uma evacuação voluntária fracassaram, disseram hoje fontes policiais antes de evacuar as famílias à força.

"O Tribunal Superior sempre decide contra tudo que seja judeu ou sionista", disse um dos colonos, o rabino Israel Schlisel. "Os juízes e a Polícia nos odeiam e são uns mentirosos", acrescentou.

O cisma político e ideológico entre o Governo e os cerca de 220 mil colonos judeus começou com a execução do "Plano de Desligamento" na faixa palestina de Gaza, promovido por Sharon. O ex-primeiro-ministro decidiu desmantelar 21 assentamentos israelenses.

Atualmente, os colonos contam com o apoio dos partidos da direita nacionalista, como o Likud, a União Nacional e o Partido Nacional Religioso (Mafdal), todos na oposição parlamentar à coalizão do Governo de Olmert.

O último confronto aconteceu neste sábado. Colonos do assentamento ilegal Havat Maon atacaram a pedradas um comboio de soldados israelenses que protegiam estudantes palestinos a caminho da escola. Quatro alunos e dois soldados ficaram feridos.

Nos incidentes em Hebron, os extremistas, que atacaram a Polícia com garrafas, pedras, ovos e tinta, também teriam jogado duas bombas incendiárias.

Caso isso se confirme, seria o primeiro caso de ataque de colonos com armas de fogo contra agentes da segurança israelense.





Fonte: EFE

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