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Economia
Sábado - 06 de Maio de 2006 às 07:35
Por: Marcondes Maciel

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A indústria de calcário de Mato Grosso demitiu a metade de seus trabalhadores em um período de apenas dois anos -- 2004 a 2006 -- e a expectativa é de que novas demissões ocorram nos próximos meses em função da redução na demanda por este insumo na lavoura. A queda se justifica pelo nível de endividamento dos produtores, que automaticamente cortam custos de produção e área plantada, comportamento que se repete há duas safras.

De acordo com o Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário do Estado (Sinecal), o número de vagas no setor caiu de 1,2 mil para 600 e as vendas sofreram um recuo de 76% no período.

A crise levou as indústrias de calcário do Estado, especialmente as localizadas na região de Nobres (150 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), a lançar ontem um manifesto de apoio ao protesto dos agricultores de Mato Grosso -- conhecido como Grito do Ipiranga -- que já atinge mais de 50 municípios e paralisa diariamente o transporte de aproximadamente 300 mil toneladas (t) de grãos, cargas fracionadas e produtos industrializados para fora do Estado.

A CRISE - “Algumas empresas paralisaram totalmente a produção e outras estão trabalhando com sua capacidade mínima porque não há demanda por causa da crise”, relata a secretária do Sinecal, Kassie Regina Riedi.

Às margens da BR-163 (Cuiabá-Santarém), empresas de extração de calcário estão com seus veículos e máquinas parados em frente às indústrias, com faixas de apoio ao movimento dos produtores.

“As indústrias de calcário sabem que Mato Grosso depende essencialmente da agropecuária e que todos os setores, direta ou indiretamente, estão sendo prejudicados pela desvalorização do câmbio e pela falta de uma política agrícola duradoura”, frisa.

Segundo ela, a sobrevalorização do real em relação ao dólar tem repercutido no preço de venda das commodities agrícolas, “o que vem gerando uma série de prejuízos aos agricultores”.

Kassie lembra que esse não é um problema exclusivo dos agricultores, mas de toda a sociedade.

“A crise atinge a todos e, por isso, estamos fazendo um apelo para que a União apresente uma solução para salvar o agronegócio brasileiro. Se ninguém fizer nada, realmente a crise tomará proporções avassaladoras, inclusive com a possibilidade de uma redução de plantio e demissão em massa no campo”, alerta.

DESEMPREGO -- Para se ter uma idéia da crise que atinge o setor, as 21 indústrias de extração de calcário do Estado empregavam em 2004 cerca de 1,2 mil funcionários e geravam cerca de 3,6 mil empregos indiretos.

“Com a redução da produção em função da crise no agronegócio, o setor passou a empregar apenas mil trabalhadores em 2005 e gerar três empregos indiretos”, conta Kassie Riedi.

Este ano, apesar do aumento da safra de grãos, as indústrias de calcário passaram a empregar apenas 600 funcionários, com uma redução de 50% na oferta de vagas no período de 2004 a 2006.

“Se a produção não for retomada logo, poderemos ter novos enxugamentos no setor, com fortes repercussões na produtividade das lavouras”, avisa.





Fonte: Diário de Cuiabá

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