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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 29 de Abril de 2006 às 15:06

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O Governo iraniano diminuiu hoje a importância do relatório apresentado na sexta-feira pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e mostrou sua disposição em colaborar com a organização sem renunciar a suas atividades de enriquecimento de urânio com fins pacíficos.

O documento da AIEA afirma que o Irã acelerou o enriquecimento de urânio contrariando os pedidos da comunidade internacional.

A reação oficial do Governo de Teerã ao relatório foi expressada pelo vice-presidente da Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI), Mohammed Saidi, em declarações à televisão pública iraniana, nas quais insistiu em que o documento apresentado em Viena não é negativo para seu país.

"A totalidade do relatório (do diretor da AIEA, Mohammed) ElBaradei não contém pontos negativos", disse o representante iraniano.

Saidi acrescentou que Teerã está disposto a aceitar inspeções surpresa de especialistas da AIEA em suas usinas, desde que a discussão sobre a questão nuclear seja coordenada por este órgão.

"A aplicação do Protocolo Adicional foi suspensa por uma decisão do Parlamento Islâmico depois do envio do relatório do caso iraniano ao Conselho de Segurança (da ONU), e pode ser ativado outra vez se o caso ficar na AIEA", afirmou Saidi.

O protocolo permite a visita surpresa de inspetores da AIEA às instalações nucleares dos países signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) para comprovar que o material nuclear não é desviado do uso civil. O Irã está entre os países que assinaram o tratado.

O vice-presidente da OEAI acrescentou que o Irã entregou, na quinta-feira, uma carta à AIEA onde anuncia que sua disponibilidade para colaborar com a organização de acordo com as normas internacionais sob a condição de que o caso iraniano permaneça no órgão atômico internacional.

"Durante os últimos anos os assuntos importantes foram resolvidos entre Irã e o organismo e só ficaram algumas perguntas às quais estamos dispostos a responder", destacou Saidi, ao afirmar que o Irã não considera estas questões importantes.

No entanto, o responsável pelo projeto nuclear iraniano especificou que esta colaborar com a AIEA não implica em interromper o enriquecimento de urânio, e afirmou que seu país não renunciará a seu direito.

Além disso, anunciou que o Irã vai utilizar centrífugas mais modernas que as do tipo P2, usadas até o momento no processo de enriquecimento de urânio.

"Naturalmente, não podemos ficar limitados pelas centrífugas.

Estudamos diferentes tipos de maquinaria mais moderna para escolher entre elas", afirmou Saidi.

O representante da OEAI acrescentou que seu Governo espera poder usar a tecnologia "mais moderna possível".

Saidi justificou o uso de outro tipo de centrífugas para o enriquecimento do hexafluoreto de urânio (UF6), utilizadas em países como "Brasil, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Japão" que também dispõem desta tecnologia.

O alto funcionário iraniano também disse que seu Governo espera poder contar mais centrífugas além das 164 que dispõe atualmente.

"Quanto ao enriquecimento de urânio, agora estamos no nível de pesquisa, mas planejamos ampliar o número de centrífugas para até três mil no final do ano", afirmou.

O Irã e a comunidade internacional, liderada pelos EUA e a União Européia, discutem há meses sobre o programa nuclear de Teerã.



Alguns países sustentam que o programa tem como objetivo desenvolver armamento nuclear, apesar do relatório de ElBaradei ter destacado que não existem provas que reforcem esta acusação, e que Teerã sempre negou ter outros objetivos além da produção de energia para uso civil.





Fonte: EFE

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