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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sábado - 29 de Abril de 2006 às 07:45
Por: Marcondes Maciel

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Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá) será o primeiro município da região a fechar rodovias federais em protesto contra a falta de uma política agrícola. O anúncio foi feito ontem pelo diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), Ricardo Tomczyk, que está articulando o movimento na região Sul do Estado.

Cerca de cinco mil pessoas estão mobilizadas no Norte do Estado, onde as primeiras manifestações tiveram início há quase duas semanas. O movimento ganhou corpo na última segunda, com a interdição da BR 163.

As expectativas são de que na terça-feira, dia 2, o bloqueio se estenda ao Sul do Estado, chegando a Barra do Garças, e que ultrapasse as fronteiras estaduais, mobilizando Luís Eduardo Magalhães (BA) e os acessos do Mato Grosso do Sul para São Paulo e Paraná. Será bloqueada a passagem de caminhões de grãos, fertilizantes, defensivos e outros insumos agrícolas.

Ele informou que os produtores estão sendo mobilizados para bloquear as BRs 163 (Cuiabá-Santarém) e 164 (Cuiabá-Porto Velho) e participar ativamente do movimento Grito do Ipiranga, que ganhou esta denominação por ter começado em Ipiranga do Norte (cerca de 670 quilômetros ao Norte da Capital).

“Os produtores de Rondonópolis estão dispostos a aderir ao movimento e, para tanto, estão se organizando e buscando o apoio da sociedade”, explica Tomczyk. Segundo ele, o movimento foi deflagrado pelos agricultores, mas agora não é mais deles. “Este movimento ganhou espaço no Estado e agora é da sociedade”.

O diretor da Aprosoja anuncia o apoio do prefeito Adilton Sachetti (Rondonópolis) e dos transportadores autônomos de cargas de Mato Grosso.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas, Walter Pereira de Souza, a categoria está indignada com a postura do governo Federal em relação aos preços do diesel e à alta carga tributária incidente sobre o combustível e, por isso, decidiram apoiar o movimento dos agricultores.

“Sem o transporte de grãos e insumos não há como sobrevivermos. Este ano, o movimento de transporte de cargas caiu drasticamente em função da crise do agronegócio e, se os produtores pararem de plantar, teremos que devolver nossos caminhões e partir para outra atividade”, alerta Pereira.

Em Mato Grosso, são cerca de 15 mil caminhoneiros autônomos que dependem quase que exclusivamente do movimento do agronegócio. “O governo Federal precisa rever a sua política no setor de combustíveis, pois 65% dos nossos custos são referentes ao óleo diesel e 90% do nosso movimento está ligado ao agronegócio”.

Segundo o diretor executivo da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, no ano passado a Petrobras faturou cerca de R$ 40 bilhões com a venda do diesel. “É mais do que todo o PIB do nosso agronegócio”, exclama.

Tomczyk afirma que, diante do atual quadro, não resta outra alternativa aos produtores senão ampliar o movimento e paralisar as rodovias.

“A sociedade já compreendeu isso e estamos ganhando a adesão de um grande número de entidades e clubes de serviço, além do comércio, prefeituras e câmaras de vereadores”.

ESTUDANTES -- Ontem, um grupo de estudantes de faculdades de Agronomia de Cuiabá foi até à sede da Famato para assistir à reunião dos produtores rurais e manifestar a solidariedade da classe acadêmica ao Grito do Ipiranga.

“Queremos que a União resolva os problemas da agricultura, pois muitos de nós, filhos de produtores, correm o risco de trancar a matrícula porque nossos pais estão inadimplentes e não têm condições de pagar as faculdades”, conta o estudante Marcelo Pascolotti, do curso de Agronomia da Univag, em Várzea Grande.





Fonte: Diário de Cuiabá

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