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Economia
Sexta - 28 de Abril de 2006 às 09:39

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Os agricultores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia vão bloquear estradas dos três Estados na terça-feira, para impedir o escoamento da safra da soja. Estradas de Rondonópolis, Sapezal e Barra do Garça (MT), Luís Eduardo Magalhães (BA) e os acessos de Mato Grosso do Sul para São Paulo e Paraná serão fechados pelos produtores, que protestam contra a queda do dólar, o alto preço do óleo diesel e a falta de auxílio do governo federal para combater a ferrugem asiática que atingiu a lavoura de soja.

Segundo José Nardes, presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Primavera do Leste, cidade próxima a Rondonópolis, será bloqueada a passagem de caminhões de grãos, fertilizantes, defensivos e outros insumos. Os protestos dos agricultores começaram no início da semana no norte de Mato Grosso e foram batizados de Grito do Ipiranga, por causa da cidade onde se originaram. As manifestações estão se ampliando e já atingem 20 cidades, entre elas Sorriso, Sinop, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, que estão entre as maiores produtoras de soja do País. Nessas cidades, as prefeituras decretaram ponto facultativo e os produtores usaram colheitadeiras para bloquear estradas e impediram a abertura de bancos e armazéns de grãos. Em Lucas do Rio Verde, os produtores queimaram uma colheitadeira e um trator na estrada. Lagarta Em Cuiabá, veículos circulam com adesivos de protesto, mostrando uma lagarta com o rosto do presidente e a frase: Lula, a nova praga da agricultura. Os agricultores pedem mudanças na política cambial do governo, porque o dólar baixo estaria inviabilizando a produção. Segundo Homero Alves Pereira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), os produtores têm uma dívida de cerca de R$ 4 bilhões com fornecedores de insumos, multinacionais como a Bunge e a ADM e empresas de máquinas agrícolas como a Valmet, Valtra e outras. "Precisamos de uma moratória de 180 dias para reestruturar essas dívidas", diz. "Não é um calote, nós simplesmente não temos como pagar. Vai todo mundo para o Serasa." Segundo ele, o atual governo protege a agricultura familiar e tem um preconceito contra a agricultura comercial, dizendo que é excludente. "Só que em MT, o Estado com o agronegócio mais competitivo, todos são grandes, precisamos de escala." A Famato reivindica a redução da Cide, PIS e Cofins incidentes sobre o diesel usado pelos produtores rurais. "O preço do diesel triplicou em três anos." Para o prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti, os protestos são uma forma legítima de chamar a atenção para o problema do campo. "Fomos vítimas de um tsunami", Sachetti, ele mesmo produtor, demitiu 800 dos 1,2 mil funcionários da Agropecuária Sachetti desde novembro do ano passado. Iraí Scheffer Maggi, que planta 100 mil hectares de soja e é o segundo maior produtor do grão no Brasil (só perde para Blairo Maggi, seu primo, o governador de Mato Grosso), também participa dos protestos. "Vou reduzir a área plantada em 20%", diz ele. "As medidas que o governo anunciou são apenas paliativas."




Fonte: AE

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