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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Quarta - 26 de Abril de 2006 às 14:55

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Os protestos dos produtores rurais de Mato Grosso nesta semana causaram uma paralisia ainda maior no mercado de soja no Estado, já combalido por um dólar desestimulante a exportações e pelos altos custos de frete, disseram corretores nesta terça-feira.

Apesar de alguns bons momentos no mercado de soja de Chicago esta semana, poucas vendas foram registradas no físico, principalmente no norte e médio-norte do Estado, onde ocorrem bloqueios em rodovias federais, impedindo que caminhões transportando grãos e insumos trafeguem pelas vias.

"O movimento parece estar ganhando corpo. O produtor está recuado nas vendas, está até difícil de achá-lo. Os negócios estão extremamente lentos, apesar do mercado ter subido", afirmou Seneri Paludo, da Agência Rural em Cuiabá.

"No norte, onde houve protesto, não teve negócio. No sul ainda saiu alguma coisa, mas pouco volume", acrescentou a corretora Jaqueline Alves, da Multisafra, com sede em Cuiabá.

O problema só não é maior, ponderou Jaqueline, porque a colheita está praticamente encerrada no Estado. Ela lembrou ainda que um "bom volume" da safra de soja do maior produtor brasileiro já está nas mãos dos compradores.

"A comercialização da safra já está em 75 por cento. Boa parte já foi feita via troca de produtos. Do total vendido, um bom volume não está com preço fixado, mas já está nas mãos dos compradores", afirmou a corretora.

Levantamento feito pela Agência Rural no início de abril apontou que 53 por cento da safra mato-grossense já havia sido comercializada, com preços fixados. "Esse volume deve ter aumentado durante o mês", completou Paludo.

Para o analista, as queixas das empresas com o movimento só não são mais incisivas "porque os vendedores já estavam bem recuados antes dos protestos. O vendedor limitou ainda mais a sua atuação."

A manifestação, entretanto, pode ter sofrido um revés na terça-feira à noite, quando a Justiça Federal determinou em uma liminar o desbloqueio da BR-163, onde ocorrem manifestações em Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde.

No entanto, participantes dos protestos prometem não se intimidar. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, para que seja feita a desobstrução, os responsáveis pelas manifestações precisam antes ser intimados, o que só deve ocorrer nesta quarta-feira.

Assim, as manifestações prosseguem em vários pontos do Estado.

Segundo a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), que não participa diretamente do movimento mas o apóia, no município de Comodoro, no entroncamento das BRs 163 e 174, o tráfego está paralisado desde a manhã desta quarta-feira -- a BR-174 dá acesso à Hidrovia do Rio Madeira, canal de escoamento da soja pelo norte do Estado.

Ainda de acordo com a Famato, em Sorriso, as ações devem ser intensificadas nesta tarde, e a interrupção no tráfego na BR-163, que liga o norte ao sul do Estado, deve ser geral.

Uma outra estrada, a estadual MT-358, foi interditada para produtos agrícolas nesta quarta-feira em Tangará da Serra.

A Famato divulgou ainda que algumas colheitadeiras estão sendo queimadas em alguns municípios. DÍVIDAS

As manifestações ocorrem pouco antes do vencimento de boa parte das dívidas de produtores, em 30 de abril, um período em que muitos venderiam para saldar os compromissos.

"O produtor faz as contas e vê que a conta não fecha. Então vai para o risco. Muitos dizem: quebrado por quebrado, quebrado e meio", revelou Paludo.

Fornecedores como o setor de fertilizantes, já antevêem falta de pagamento.

"Essa informação só após feriado. Mas há uma antevisão de que irão ocorrer problemas de recebimento e inadimplência. Senão inadimplência do sujeito que é um bom pagador mas não tem como pagar, seguramente haverá aquela inadimplência dita oportunista", afirmou o diretor-executivo da Anda (Associação Nacional para Divusão de Adubos), Eduardo Daher.





Fonte: 24Horas News

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