Mares Guia oferece para ser um "intermediador" entre Lula e Maggi

O ministro Walfrido Mares Guia (Turismo), em recente visita a Mato Grosso, se ofereceu para ser uma espécie de intermediador entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Blairo Maggi. O governador e o presidente não se falam há cerca de um ano em termos políticos, institucionais e sobre os interesses de Estado.

"Há mais de 12 meses não falo com o presidente de forma oficial. Mas o ministro se ofereceu para intermediar um diálogo e eu estou pronto pra ir a Brasília. Em nome de Mato Grosso e na defesa dos interesses desse Estado fala até com o rei", declarou o gvoernador para o Olhar Direto, no final da noite de ontem.

O ministro Mares Guia veio abençoar a composição PTB-PPS e ficou preocupado com o fato de Maggi ser simpático à candidatura do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a presidente da República e se ofereceu para que o diálogo institucional seja retomado entre as duas autoridades (o presidente e o governador)

A preocupação de Mares Guia com a declaração de Maggi de simpatia à candidatura de Alckmin demonstra que o Palácio do Planalto está monitorando as declarações dos governadores, mesmo diante da impossibilidade de Maggi vir a apoiar a candidatura de Lula à reeleição.

O PPS foi o primeiro partido a sair da aliança que elegeu Lula quando percebeu os erros primários da equipe econômica (em manter do ditâmes impostos pelo PSDB, de juros altos e flexibilização demasiada do câmbio) e as graves denúncias de corrupção envolvendo lideranças petistas e seus aliados.

Conduzidos por Roberto Freire, a maioria dos líderes do PPS optou pelo rompimento com o governo federal. Num primeiro momento, ainda acreditando no presidente, Maggi foi contra o rompimento, até por uma questão de sobrevivência de Mato Grosso e já antevendo que a pior crise do agonegócio afetaria em cheio a arrecadação estadual, algo já concretizado, e a economia estadual.

Diante da persistência de Mares Guia, Maggi se diz pronto para conversar com o presidente num plano institucional. Em tese, Lula pode negociar com o governador mato-grossense mais ajuda para o Estado, a liberação de recursos referente ao acordo de divisão de Mato Grosso e as emendas destinadas às obras consideradas essenciais para a recuperação da combalida economia estadual e à geração de empregos.

O que Lula quer é neutralizar uma declaração de Maggi "de simpatia à candidatura de Alckmin", o mais vigoroso adversário do projeto petista de reeleição. O Planalto já percebeu que cada declaração como a de Blairo Maggi pode implicar em perdas de votos, mesmo que numa escala pequena, porque de grão em grão o adversário enche o bico.

Neste aspecto, a missão de Walfrido Mares Guia pode ser facilitada se, de fato, o presidente demonstrar a boa vontade em um telefonema celular feito pelo ministro quando estava perto de Maggi.

"Eu disse ao ministro que estou pronto para conversar e que me afastei do presidente por nunca ter conseguido levar adiante meus acordos com Lula. E ele (Mares Guia) me disse que este e um problema que Lula tem com PT, que afasta todos os governadores dos estados dele", declarou Maggi.