Kennedy exorta Bush a pressionar por reforma da imigração

Um importante político democrata norte-americano disse, no domingo, que o Congresso dos Estados Unidos poderia aprovar um projeto para reformar a legislação sobre imigração do país, se o presidente George W. Bush enfrentar a ala direitista de seu partido, o Republicano, que é contra o projeto. "Existe forte apoio para o projeto", disse o senador Edward Kennedy, democrata pelo estado de Massachusetts, ao falar sobre a medida bipartidária, de sua autoria e do senador republicano John McCain, do Arizona.

"Se o presidente controlasse a ala direitista de seu próprio partido político, poderíamos pegar essa legislação e aprová-la muito rapidamente", disse Kennedy no programa "Meet the Press", da NBC.

O presidente da Comissão Judiciária do Senado, Arlen Specter, republicano, disse que seria difícil, mas que o Senado e a Câmara de Representantes (deputados) poderiam resolver suas divergências e apresentar um projeto final para Bush assinar, transformando-o em lei.

"Este país precisa de uma reforma da imigração e acho que podemos consegui-la se trabalharmos nisso", disse Specter ao "Late Edition", da CNN.

O Congresso dos EUA volta na segunda-feira de um recesso de duas semanas. Democratas e republicanos procuram uma posição comum na questão da reforma eleitoral, particularmente quente num ano eleitoral.

O projeto que está no Senado prevê um aumento na segurança da fronteira, mas também a chance de a maioria dos imigrantes ilegais no país —estimados entre 11,5 milhões e 12 milhões— de obter a cidadania nos EUA, desde que paguem impostos atrasados e multas, tenham um emprego e resolvam outras dificuldades, como mostrar um certo conhecimento de inglês.

O projeto também prevê um programa de trabalhador convidado, que tem o apoio de Bush.

Para os críticos, o projeto equivale a uma anistia, caracterização rejeitada pelos que apóiam o projeto.

O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, disse ser favorável a uma abordagem equilibrada que misture piedade com controle de fronteiras. "Não acredito nem um pouco numa anistia", disse o governador republicano no programa "This Week", da ABC. "Acho que a anistia não funciona."

Mas, acrescentou, "deve haver uma forma de obter a cidadania, especialmente as pessoas que estão aqui há muito tempo, pessoas que contribuíram para a nossa economia, que contribuíram para a nossa sociedade."

A Câmara aprovou um projeto duro, que prevê a construção de uma cerca em grande parte da fronteira entre os EUA e o México e que os imigrantes ilegais sejam declarados delinqüentes.

Depois de protestos por todo o país, de dezenas de milhares de imigrantes furiosos com o projeto da Câmara, os líderes republicanos recuaram na criminalização dos imigrantes ilegais e na punição daqueles que lhes dessem ajuda nos Estados Unidos.

Muitos republicanos, porém, ainda se opõem ao projeto que está no Senado e procuram apresentar emendas que, temem seus adversários, poderiam matar a iniciativa.

"Acho que tem que haver um acordo entre democratas e republicanos sobre uma lista de emendas", disse Specter. "Acho que a maioria delas não seria aprovada quando as emendas procurarem enfraquecer o projeto da comissão."

Bush exortou os congressistas a chegarem a um acordo sobre um projeto abrangente. Mas Kennedy disse que Bush, enfraquecido pelas decrescentes taxas de aprovação, precisa se manifestar mais vigorosamente.