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Politica Brasil
Domingo - 23 de Abril de 2006 às 16:00

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: Embalado pela vitória da tese da candidatura própria na reunião de quarta-feira do PMDB, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho partiu para o tudo ou nada com objetivo de ser o candidato da legenda à Presidência. Em entrevista exclusiva a O Dia, ele afirmou que o ex-ministro petista José Dirceu pode explicar o fato de Itamar Franco ter entrado na briga pela indicação do partido para concorrer ao Planalto, revelando mágoas com a cúpula peemedebista. Garotinho também chamou o PT de quadrilha e acusou Lula de querer quebrar a Varig para favorecer a TAM.

Como o senhor se sente em meio a tantas adversidades no PMDB? Garotinho - As adversidades fazem parte da vida. Nunca nada foi fácil pra mim. Não seria diferente a disputa pela Presidência. Minha candidatura contraria interesses poderosos representados pelo sistema financeiro, entre outros. Eles estão em todos os partidos, inclusive no PMDB. Sarney sempre foi ligado ao sistema e, portanto, não quer mudanças, está satisfeito. Foi uma descortesia o ex-presidente Itamar Franco lançar a candidatura à Presidência durante uma visita do senhor a ele?

Garotinho - Tenho pouca informação a respeito da questão íntima que levou o Itamar a decidir se tornar candidato. Quem pode dar mais informações sobre isso é o José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado do PT-SP cassado por envolvimento no esquema do ¿mensalão¿).

Essa candidatura Itamar está a serviço do PT? Garotinho - O tempo dirá.

Como o senhor pretende romper a barreira dos 15% nas pesquisas?

Garotinho - Na eleição passada, obtive 18% dos votos, equivalente a 15 milhões, com um minuto de televisão, sem palanques estaduais estruturados e com dificuldade financeira. Creio que, num partido como o PMDB, tenho todas as condições para vencer.

E o seu alto índice de rejeição? Garotinho - O meu índice de rejeição é de 30%. E é fruto de um monte de incompreensões e mentiras que foram sendo lançadas contra mim ao longo desses anos: que eu sou populista, que misturo política com religião. As coisas para quem é do lado do povo, nacionalista, e defende os interesses da maioria são vistas de uma forma diferente.

Sua atividade, seus discursos, programas de rádio e TV são voltados para os evangélicos...

Garotinho - Eu apenas não sou hipócrita, não vou só à igreja em época de eleição. Agora, isso é um problema meu, pessoal, ninguém tem nada com isso. Me aponte uma política pública desenvolvida por mim que tenha sido direcionada a um público ou outro. Infelizmente, quem mistura política com religião é quem me acusa. É melhor ser acusado de misturar política com religião do que de ladrão, como essa quadrilha do PT que assumiu o País.

Na distribuição do Cheque Cidadão, houve denúncias de controle por pastores evangélicos... Garotinho - Pastores, padres, espíritas, todos distribuem. Eu não vou discriminar ninguém. Tenho a minha religião, defendo, pratico e respeito todos os que têm.

Mas o eleitorado evangélico é um componente importante para o senhor...

Garotinho - Na composição dos meus 15% da última pesquisa Datafolha, só 30% do meu eleitorado era de evangélicos.

Existe um plano B, caso o senhor não consiga ser o candidato à Presidência? Garotinho - Nunca houve.

E aquela tese levantada por alguns aliados de que a governadora Rosinha poderia tentar a reeleição?

Garotinho - Não existem entendimentos, existe a nossa palavra. Se eu não for candidato a presidente, ninguém da minha família vai concorrer a nada nessa eleição.

O senhor pode ser vice de algum candidato, como Geraldo Alckmin? Garotinho - Como eu posso ser vice do Geraldo Alckmin se sou um dos maiores críticos da política econômica do PSDB? Eu converso com o Alckmin em tom pessoal, é uma boa pessoa. O trato com ele é melhor do que com o PT, que faz uma política raivosa, sectária, no campo pessoal.

As denúncias contra Alckmin podem estar vindo do próprio PSDB?

Garotinho - Eu não entendo de tucano. Minha ave preferida é o beija-flor.

O que lhe dá a segurança de que terá a legenda? Garotinho - Farei tudo para ter. Todos os dias colocam uma pedra no meu caminho e eu vou removendo. Eu vou até o fim. Se no fim me disserem não, paciência, eu tentei. A sociedade brasileira está cansada de políticos covardes. Eu tenho um plano de metas para o Brasil e quero levá-lo adiante. Quero um governo nacionalista, desenvolvimentista.

Como um candidato sem alianças de grandes partidos vai governar?

Garotinho - A principal aliança de qualquer candidato deve ser com o povo. Lula ganhou a eleição numa aliança com o povo e o traiu para fazer aliança com os políticos. Os políticos, em sua maioria, estão desmoralizados.

O presidente precisa do Congresso... Garotinho - Por que o Lula não convocou o povo para pressionar o Congresso a aprovar medidas de que ele precisava? Ou serei candidato pra fazer as transformações de que o Brasil precisa ou vou tomar conta dos meus nove filhos, tenho muita coisa pra fazer.

O senhor não teme ser sacrificado no PMDB?

Garotinho - Tenho certeza da viabilidade eleitoral da minha campanha, e eles, também. O governo gasta tempo, esforço e muito dinheiro tentando comprar o PMDB para não me dar a candidatura. O governo sabe que o único candidato que pode derrotar Lula sou eu. Com todo respeito que tenho pelo Alckmin, ele não agüenta um embate comigo. Lula é um fracasso ético, administrativo e político.

O ex-ministro José Dirceu disse que o senhor tem US$ 150 milhões para gastar na campanha. O senhor tem ou vai interpelá-lo judicialmente? Garotinho - Já o interpelei. Vamos ver se ele, que é um mentiroso contumaz, confirma na Justiça suas declarações. Se não confirmar, espero que arranje um outro amigo, como aquele que lhe emprestou o avião, para pagar a indenização que eu vou ganhar.

Como virar o jogo, promovendo o desenvolvimento, sem se preocupar com a estabilidade da moeda ou a volta da inflação?

Garotinho - Não há mais inflação no mundo porque essa foi uma decisão das economias globais. Eles trocaram os lucros que obtinham através do processo inflacionário pelos lucros com as taxas estratosféricas de juros. Quando se tenta transferir para o País valores que são do mercado, corre-se o risco do que estamos vivendo hoje, a banalização da vida, a falta de solidariedade, a falta de respeito com o próximo. Nós estamos vivendo uma sociedade do "vale tudo". Isso é o mercado, mas não pode ser o País.

Em relação aos juros, o senhor diz que só 20 mil famílias lucram com ele... Garotinho - Dos títulos da dívida pública brasileira, 80% estão em mãos de 20 mil famílias. O Brasil paga de juros R$ 180 bilhões. Se dividir os juros pagos, dá uma Bolsa Família dos ricos de R$ 562 mil por mês. Lula consegue atuar nas duas extremidades. Para os pobres, R$ 60, para os ricos, R$ 562 mil.

Como resolver isso?

Garotinho - Reduzindo os juros.

E sua tese de que a Previdência não tem déficit? Garotinho - Para compor a receita da Previdência Social, foram designados pela Constituição 5% da arrecadação do ICMS, 20% do PIS, 20% da Cofins, além das contribuições previdenciárias. Se somar tudo e olhar a folha, vai ver que não é deficitária.

A presença do Exército nas favelas do Rio ajudou?

Garotinho - Foi uma bobagem sem tamanho. O Exército veio para as ruas só para apreender suas armas que foram roubas do quartel, para não ficar desmoralizado. Aquela cena vista na televisão é ridícula: "Alô, aqui quem fala é o Exército Brasileiro, devolvam os nossos fuzis". Parecia do "Casseta e Planeta".

Se fosse o presidente agora, que decisão o senhor tomaria em relação à Varig? Garotinho - Eu pagaria. O governo deve R$ 5 bilhões à Varig. Não entendo o governo Lula perdoar a dívida da Bolívia, financiar o metrô de Caracas e não salvar uma empresa com 11 mil empregados. O que está por trás disso é o interesse paulista da TAM, que financiou a campanha do Lula. Ele viajou pela TAM e quer quebrar a Varig. Quem está dizendo é Anthony Garotinho. E assino embaixo.





Fonte: O Dia

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