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Economia
Segunda - 03 de Abril de 2006 às 09:52
Por: Marianna Peres

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O freio no consumo de aves em todo mundo, por causa da gripe aviária, acendeu a luz vermelha para quem planta milho. Mesmo ainda sem a certeza dos números da safra brasileira 05/06, o segmento está preocupado com o tamanho da demanda. Em Mato Grosso, onde o grão é o carro-chefe da segunda safra estadual o peso da incerteza pressiona preços em plena entressafra e sem o curinga do consumo interno, o produtor pode amargar um preço líquido pela saca de 60 quilos inferior a R$ 2,50, cifras 260% abaixo da média de R$ 9 de custo de produção pela saca.

Sem a certeza de uma demanda em crescimento no País e sem grandes granjas avícolas ou suíniculas no Estado, talvez não reste outra opção para quem planta do que a exportação. No porto de Paranaguá (PR), a saca do milho está cotada em cerca de R$ 14,40 e R$ 14,30. Somente para levar o grão até o porto, o produtor gasta de Lucas do Rio Verde – maior produtor de milho safrinha do Estado – (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá) R$ 12. “Nesta situação, a saca custaria menos de R$ 2,50, pois dos R$ 14,40 que seriam pagos pelo grão, R$ 12 foram antecipadamente gastos com as despesas que o produtor teve para colocar a saca em Paranaguá”, aponta o analista de mercado da AgRural em Cuiabá, Seneri Paludo.

O analista destaca que em plena entressafra do milho os preços oscilam entre R$ 9,50 ao Sul do Estado e entre R$ 8,50 na região da BR-163. “Esses valores, considerados baixos pelos produtores, estão sendo cotados na entressafra, imagina como será a safra e se a demanda permanecer retraída?”, indaga Paludo. Questionado sobre qual seria o preço bom para o milho estadual, ele responde: “O preço bom é aquele que paga a conta”.

PRODUÇÃO - Já para o produtor Leandro Mussi a conta não fecha. Ele frisa que o custo de produção da saca deverá ficar em torno de R$ 9, “isso se a produtividade ficar em até 60 sacas. Abaixo desse rendimento, o custo da saca aumenta”, aponta.

Com área plantada em Lucas do Rio Verde reduzida de 7 mil hectares (ha) para 4,5 mil/ha nesta safra, Mussi conta que a safrinha em desenvolvimento sofreu ataque de pragas, principalmente de percevejo, “o que de cara deverá reduzir a produtividade em 10%”. Ele exclama ainda que as perspectivas são de que durante a safra a saca do milho obtenha cotação de R$ 7,50.

Em Lucas do Rio Verde a área plantada na safra 05/06 do milho está reduzida em cerca de 30%, passou de 150 mil/ha para 110 mil/ha, segundo Mussi.

De acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), a área de milho primeira safra 05/06 está 2,3 menor em relação ao ciclo anterior e a de milho segunda safra registra queda de 14% em igual período. A expectativa inicial da produção é de 2,6 milhões de toneladas (t) na safrinha.

No Boletim Semanal de Safra, a superintendente do Imea, Rosimeire Cristina dos Santos, frisa que a expectativa no momento é de uma redução na produtividade, “em função da baixa tecnologia utilizada no plantio da safrinha”.

Ela aponta ainda que a falta de liquidez financeira dos produtores gerou a redução dos pacotes dos fornecedores de insumo para o plantio e isso fez com que a quantidade de adubos utilizada fosse reduzida no momento do plantio.





Fonte: Diário de Cuiabá

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