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Economia
Domingo - 02 de Abril de 2006 às 09:25

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De olho nos preços do algodão daqui a dois anos e temendo um prejuízo na hora da comercialização, os cotonicultores mato-grossenses já começaram a antecipar a venda da safra 07/08 por meio de contratos futuros para garantir recebimentos fixos e bem próximos dos custos de produção. A comercialização da safra cerca de um a dois anos antes do plantio tem sido uma marca registrada do algodão estadual.

“Não queremos perder tanto como neste ano e, por isso, estamos buscando este instrumento como forma de proteger os preços dos nossos produtos”, diz o presidente da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), João Luiz Ribas Pessa.

A estimativa dos analistas de mercado é de que pelo menos 40 mil toneladas (t) de pluma – o equivalente a 8% da safra atual de 500 mil/t prevista pela Ampa – já tenham sido negociadas ao mercado externo, vai contratos futuros.

“Estimamos que até o final do ano estaremos com 40% da safra 07/08 vendida por meio dos contratos futuros”, afirma o analista de Mercado da Lucra Corretora, em Cuiabá, Daniel Melo. Segundo ele, ainda é cedo para fazer uma previsão de colheita da safra 07/08, “mas o certo é que o produtor está cada vez mais consciente de que amarrando as vendas antecipadas em dólar ele fará uma comercialização melhor”.

Melo explica que a antecipação da safra visa garantir o recebimento por um valor fixo contratado em dólar. “O produtor faz o levantamento dos custos de produção em dólar e vende a safra também em dólar, garantindo assim um seguro de preço para a sua mercadoria naquele período idêntico ao hedging das bolsas de futuro”. Uma operação para prevenir perdas com a variação de preços.

“Na verdade, o produtor toma esta decisão para se precaver de eventuais flutuações do câmbio”, completa.

O analista acredita que os custos de produção ficarão “bem próximos” dos valores contratados pelos produtores em dólar. “Geralmente, o produtor vende a sua safra a um valor pelo menos 15% acima da cotação atual para se garantir na hora de entregar a mercadoria”, aponta.

Mecanismo bastante utilizado pelos produtores de algodão, os contratos de venda futura são vistos no momento como a melhor forma para o produtor antecipar a comercialização da safra.

Na safra 05/06, por exemplo, 50% de toda a produção (250 mil/t) já estão contratados e serão entregues às tradings. O restante da safra deverá ser comercializado no mercado interno, para atender às indústrias têxteis e de fiação.

“O interessante nesta operação [contratos futuros] é que o produtor faz o cálculo dos custos e a estimativa real de preços em valores semelhantes para não levar prejuízos na hora de entregar a produção”, ressalta o analista da Lucra.

Ele estima que os custos este ano tenham girado em torno de R$ 41 por arroba de pluma, enquanto os preços pagos pelos compradores, na usina, é estimado em R$ 32/arroba.

“Como se vê, os preços atuais não estão cobrindo os custos de produção. E é esta distorção que os produtores querem corrigir nas safras futuras para que a atividade não se torne inviável nos próximos anos”, observa.

Para a safra 07/08, o valor médio dos preços contratados pelos produtores gira em torno de US$ 0,58 por libra peso, posto no porto. Este valor representa US$ 17,30/arroba da pluma, o equivalente a R$ 38/arroba pelo câmbio da última sexta-feira (R$ 2,16).

“Este preço certamente não é o ideal para o produtor, mas lhe dá mais tranqüilidade na hora de entregar a produção. Além disso, todos apostam em uma recuperação do dólar a curto prazo e, com isto, os preços podem se ajustar” frisa o analista.




Fonte: Diário de Cuiabá

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